A história da saga Yakuza, da Sega, foi sendo contada ao longo dos anos em sucessivas consolas da Sony. Os primeiros dois videojogos apareceram originalmente na PlayStation 2 (PS2), entre o terceiro e o quinto saíram na PS3, a prequela Yakuza 0 fez a ponte entre a PS3 e a PS4, e Yakuza 6: The Song of Life é até hoje um exclusivo da PS4. O mais recente, Yakuza: Like a Dragon, também foi lançado apenas na PS4 no início de 2020, no Japão. Mas desde então todos os capítulos da saga, incluindo o último, têm sido lentamente transpostos para a Xbox One e, também, para o PC. Yakuza: Remastered Collection, que junta o terceiro, o quarto e o quinto jogos numa só caixa, é a mais recente adição ao catálogo do Xbox Game Pass (9,99€/mês) e está à venda desde a semana passada.
Yakuza: Remastered Collection reúne as versões remasterizadas do terceiro, quarto e quinto títulos da franquia, que foram sendo editadas entre 2019 e 2020 na PS4. São jogos de acção e aventura, que combinam longas sequências cinematográficas com sessões de pancadaria realistas e violentas, inspiradas nos desportos de combate, principalmente wrestling e MMA; e sequências de exploração mais ou menos livres, durante as quais é possível perder tempo com diversos mini-jogos (e não tão mini), incluindo dardos, bilhar, bowling, golfe, pesca, pingue-pongue, póquer e outros jogos de cartas e tabuleiro, ou até reproduções integrais de clássicos dos salões de arcada como Virtua Fighter 2.
À excepção de Yakuza 3, que inclui pela primeira vez alguns conteúdos que tiveram de ser cortados da versão original em 2009, as diferenças entre as novas edições e aquelas que foram lançadas na primeira metade da década passada não são significativas: os gráficos são ligeiramente melhores e as animações mais fluídas; a tradução e localização para inglês é, aparentemente, mais fiel ao texto japonês. Nada a ver, portanto, com o que a Sega fez com Yakuza Kiwami e Kiwami 2, os remakes dos primeiros jogos, com muitas alterações e melhorias face aos originais da PS2 – que se encontravam muito mais datados.
Mas isso pouco importa. A principal razão para jogá-los é a sua história, uma saga criminal protagonizada por Kazuma Kiryu e outros membros do seu clã Tojo, que se prolonga ao longo dos anos. Os jogos reflectem a passagem do tempo e retratam eventos ficcionados, mas inspirados pela realidade política e social do Japão na época em que foram lançados. A acção do primeiro título desta colecção começa em 2007, pouco depois do final de Yakuza (Kiwami) 2, e vai até 2009. Kiryu está a tentar pôr o passado para trás das costas e gerir um orfanato. Até que uma família da yakuza tenta forçá-lo a abdicar do projecto e das crianças. É o início de uma história que, como nos melhores capítulos da série, é muito mais complicada do que parece e envolve dirigentes políticos e até a CIA.
Uma história que se torna ainda mais intrincada nos dois outros títulos incluídos nesta compilação, e onde, além de Kazuma Kiryu, é possível controlar outras personagens cujas narrativas se entrelaçam: Masayoshi Tanimura, Shun Akiyama e Taiga Saejima, no quarto; e Akiyama, Saejima, Haruka Sawamura – uma personagem recorrente desde o primeiro Yakuza – e Tatsuo Shinada, no quinto. Cada um destes homens e mulher tem a sua própria perspectiva e opinião sobre os acontecimentos, bem como diferentes maneiras de lidar com os problemas, que se reflectem nas mecânicas de cada jogo. Não há muitas maneiras melhores de gastar umas boas dezenas de horas durante este período de confinamento.
Disponível para PC, PlayStation 4 e Xbox One.