Sim, as sardinhas em cerâmica para o turista ver estão à porta, e sim, estamos no coração da Mouraria, onde não faltam produtos very typical. Mas esta loja também podia ser o pequeno atelier de um artesão: só tem peças em barro alentejano, feitas à mão e únicas. “É quase uma galeria popular”, diz Gabrielle Saint Venant, a dona d’A Loja.
Esta não é só mais uma história de uma estrangeira encantada com Lisboa, mas de facto é assim que começa. Gabrielle é francesa e em 2009 mudou-se para Portugal, depois de vir fazer um trabalho de fotografia à Comporta. Lisboa ainda não estava tão na moda, não havia tantos turistas e as rendas não eram tão altas, recorda. Dois anos depois, nasceu um pequeno bazar com peças vintage escolhidas a dedo nas suas viagens (um género de arrecadação para as tralhas que acabou por se transformar em loja). Um dia, nessa procura por velharias e produtos portugueses, descobriu uma tigela em barro e tentou procurar o nome do artesão na Internet. Não arranjou a morada certa mas rumou a Reguengos de Monsaraz e encontrou a aldeia de São Pedro do Corval, cheia de loiças com padrões antigos, não só com azeitonas e corações. “Peças com muita cor, ao contrário do fado, tão cinzento, mas também com um lado emocional muito forte”, descreve.
A descoberta levou ao nascimento d’A Loja 2.0. Dedica-se a 100 por cento a esse artesanato português e fica na porta ao lado da outra A Loja, é simples e despretensiosa, tem paredes brancas, prateleiras em madeira tosca e o destaque principal são as peças em barro, divididas em seis colecções: salpicados, esponjas, com listas, flores do Alentejo, matis e fleur bleue (ver caixa). “Agora há um revival das peças feitas à mão. Achei que isto não estava suficientemente destacado e tem preços razoáveis. É simples e bonita.” Em resumo: o que é nacional, como sempre, é bom.