Se os centros comerciais mataram o comércio de rua, os hipermercados aniquilaram as mercearias (as padarias, as frutarias, as charcutarias...) de bairro. E por mais que os minimercados das grandes cadeias e as lojas de indianos as tenham conseguido suplantar em número, não o fizeram em qualidade.
É de louvar, portanto, a existência de negócios como o Fruity & Fresh Market, em Campo de Ourique. Um sítio onde os olhos brilham (com o reflexo e) só de olhar para a fruta, quase toda de origem nacional; onde os legumes têm sabor, cor, textura; onde há pão quente a sair a toda a hora – e aqui incluem-se aquelas carcaças de bico à antiga; onde há uma pequena mas boa montra de queijos e enchidos; e onde o atendimento tem detalhes destes: “leve antes esta broa, é mais húmida, vai gostar.”
Desde que a descobri, tornei- -me cliente fiel. Na última cesta de compras vieram castanhas de Bragança, as maiores e melhores que provei este ano, doces diospiros do Algarve, maçãs e peras de Alcobaça das duras e sumarentas, azeitonas galegas, saborosas, espinafres frescos, queijo fresco artesanal, e a tal broa de milho do Alentejo, com humidade, como se quer.
Já lá vi alguns produtos Amanhecer, já vi a obrigatória estante dos “produtos sem” (glúten, lactose, and so on) e os vinhos necessários para não fazer má figura num jantar. Tudo o que precisa uma mercearia de bairro, portanto.
*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.