Há caça na Rua das Portas de Santo Antão. Leu bem. Não falamos de pratos de caça, de coutos de caça, nem de caçadores de arma em punho. Falamos de uma curiosa frutaria com décadas e décadas de vida, que além de todo o tipo de maçãs, pêssegos, bananas, clementinas, figos, morangos – a lista muda consoante a época, pois claro –, vende caça.
A perdiz está a 14,50€/unidade, o coelho tem o mesmo preço, mas a lebre vale 27,50€/unidade. “E também vendemos lampreia na época dela”, conta Alípio Gonçalves Ramos, na casa há 46 anos. Os produtos vêm maioritariamente do Alentejo, ainda com penas e pele. “Só não trazem a tripa. É um truque para se manterem mais fresquinhos.” A tradição de casar fruta e caça existe à mesa, é certo, numa mercearia já é mais raro, mas existe aqui há largos anos. “A casa é bem antiga, não sei a idade certa. Mas O Grande Elias [filme português de 1950] teve uma parte filmada aqui.”