Livros para chorar baba e ranho
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Sete livros para chorar baba e ranho (sem vergonha)

Prepare-se para fazer uma sessão de leitura terapêutica com um destes livros para chorar as pedras da calçada.

Raquel Dias da Silva
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Considera-se uma pessoa de lágrima fácil? Espere. Sabe que mais? Nem sequer interessa. Arriscamos dizer que sabemos como comover até o mais empedernido dos corações. Desafiamo-lo, aqui e agora, a fazer uma sessão de leitura terapêutica com um destes livros para chorar baba e ranho – alguns até têm lugar em várias listas de “ugly cry books” no Goodreads, o que significa que os leitores são unânimes na avaliação. Desde Uma Pequena Vida até De Amanhã em Amanhã, estas leituras são para pessoas mais ou menos masoquistas, que apreciam o acto de deitar cá para fora. Vá, chore lá que ninguém leva a mal.

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Livros para chorar baba e ranho

Uma Pequena Vida

Se tivéssemos de apostar, diríamos que não há ninguém que tenha lido este livro que tenha saído incólume. Perturbador (traumatizante, até) e profundamente comovente, trata-se de um épico sobre a amizade e o amor no século XXI, que já foi mesmo adaptado a peça de teatro em Inglaterra. No centro da narrativa, estão quatro jovens acabados de sair da Universidade de Massachusetts, que se preparam para começar a vida adulta sem dinheiro, mas com muita vontade de encontrar o seu caminho. Ao acompanhá-los durante décadas, temos vista privilegiada para o seu passado e a forma como as suas relações – marcadas pela dependência, o êxito e o orgulho – se aprofundam e os ensombram.

Uma Pequena Vida, de Hanya Yanagihara. Editorial Presença. 688 pp. 29,90€

Lições de Química

A ficcional Elizabeth Zott não é uma mulher comum, mas nem por isso a sua vida é mais fácil do que a das outras mulheres no início dos anos 60. Apesar de estar muito à frente do seu tempo e recusar-se a aceitar o status quo, Zott não é imune ao sexismo de que é vítima no Instituto de Pesquisa Hastings, onde todos esperam que seja ela a fazer o café ou a tirar fotocópias, e muito menos às tragédias que, mal ela sabe, a levarão a ser a estrela relutante do programa de culinária mais amado da América. Pelo meio, prepare-se para um amor que é e não é para a vida toda, um cão com mais empatia do que muitos humanos e a relação mãe-filha mais ternurenta que lemos nos últimos tempos.

Lições de Química, de Bonnie Garmus. ASA. 464 pp. 19,50€

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Na Terra Somos Brevemente Magníficos

Neste que é o seu primeiro romance, o premiado poeta Ocean Vuong – imigrante, refugiado, filho de iletrados – ousa escrever sobre o silêncio destrutivo de não ser ouvido. O protagonista é um filho que escreve uma carta à mãe vietnamita que não sabe ler, muito menos em inglês. Com a história de uma família imigrante nos Estados Unidos como epicentro, Vuong inspira-se na sua própria história e levanta questões sobre raça, classe e masculinidade, ao mesmo tempo que explora a forma insidiosa como a violência e o trauma tendem a sobrepor-se à compaixão e sensibilidade. Mas, apesar disso, é um livro sobre a beleza de estar aqui, na Terra, e de sermos magníficos, mesmo que por um breve instante.

Na Terra Somos Brevemente Magníficos, de Ocean Vuong. Relógio d'Água. 224 pp. 17€

Lágrimas no Mercado

O título promete, e cumpre. Na sua estreia literária, Michelle Zauner – que narra a versão audiolivro – prova-nos que é mais do que a vocalista da banda de indie pop Japanese Breakfast e entrega-nos um relato vivo e franco sobre como foi crescer a ser uma das poucas crianças asiático-americanas na sua escola, no Oregon, EUA; que estratégias usou para lidar com as expectativas elevadas da mãe; e como, já na Costa Este do país, onde foi para a universidade, se iniciou a sério no mundo da música. Mas, mais importante, como só a morte da sua mãe, quando Zauner tinha apenas 25 anos, a levaram a questionar e a conectar-se com a sua própria identidade e herança coreana, incluindo através da comida. Sim, é para chorar e para ficar com fome.

Lágrimas no Mercado, de Michelle Zauner. Aurora. 234 pp. 17,50€

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Os Sete Maridos de Evelyn Hugo

A velha Hollywood não é só glamour e, por entre os escândalos que adornam as revistas cor-de-rosa, escondem-se segredos que nem os paparazzi mais dedicados são capazes de desenterrar. Evelyn Hugo, que sempre esteve sob os holofotes e agora se encontra reclusa no seu apartamento no Upper East Side, está prestes a completar 80 anos e quer finalmente contar a “verdadeira história” por detrás dos seus sete casamentos. O exclusivo, esse, será de Monique Grant. A jornalista, em início de carreira e até então desconhecida, não faz ideia, mas a escolha não é por acaso e as suas trajectórias estão profunda e irreversivelmente conectadas. As revelações, todas relacionadas com o preço da fama e os sacrifícios que se fazem por amor, são de partir o coração.

Os Sete Maridos de Evelyn Hugo, de Taylor Jenkins Reid. Topseller. 432 pp. 20,95€

O Rouxinol

Está para ser adaptado ao grande ecrã com Elle e Dakota Fanning nos papéis principais, mas enquanto não acontece, pode ler o livro e preparar-se emocionalmente para ver a história ganhar vida em imagem real. Inspirado nas mulheres da resistência francesa, este romance narra a história de duas irmãs separadas pelos anos, a experiência, os ideais, a paixão e as circunstâncias, numa França ocupada pelos alemães e arrasada pela Segunda Guerra Mundial. O que lhes aconteceu é o cerne da questão. No presente, na Costa do Oregon de 1995, uma senhora, presumivelmente idosa e doente, dá por si a pensar no seu passado e como, se no amor descobrimos quem queremos ser, na guerra descobrimos quem somos.

O Rouxinol, de Kristin Hannah. Bertrand. 504 pp. 18,80€

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De Amanhã em Amanhã

Foi considerado um dos melhores livros de 2022 por várias publicações especializadas, e não temos dúvidas de que foi merecido. Os protagonistas são Sam Masur e Sadie Green, dois jovens apaixonados por videojogos que, antes mesmo de completarem 25 anos, alcançam fama e fortuna com o seu primeiro lançamento para computador. Mas, claro, nem tudo são rosas. Cada um à sua maneira, debate-se com aquela que é provavelmente uma das inquietações mais universais de sempre – qual é o seu lugar neste mundo incerto e imperfeito, como o encontrar, como vingar e, talvez mais importante, como nos rodeamos de pessoas boas que façam o caminho valer a pena (mesmo que por, escolha ou tragédia, não nos possam acompanhar até ao fim).

De Amanhã em Amanhã, de Gabrielle Zevin. ASA. 496 pp. 20,50€

Livrarias para abastecer as estantes

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