Uma casa para o minimalismo português
Ainda expressões como slow fashion ou sustentabilidade não tinham entrado no léxico do dia-a-dia, já Sérgio Gameiro e Filipe Cardigos ensaiavam a melhor forma de trazer os conceitos para dentro do guarda-roupa masculino. Prestes a completar 12 anos, a Wetheknot abriu a primeira loja própria (depois de um espaço partilhado no Bairro Alto), a dois passos do coração de Alfama. Minimal e a fazer realçar as cores e linhas das colecções, entramos num espaço pensado à imagem e semelhança da marca e damos de caras com os próprios designers.
“Faz toda a diferença estarmos aqui. Ganhamos uma proximidade totalmente diferente com os clientes porque conhecemos bem os materiais e conseguimos falar sobre como prolongar a vida das peças, até porque muitas pessoas ainda não estão despertas para isso”, comenta Filipe. Os materiais são a praia desta dupla, com o algodão orgânico no topo da lista e a pele sintética de que são feitas as mochilas, bolsas e carteiras logo a seguir. Mas há mais – os calções lançados em 2010, pensados para ir a banhos, continuam a ser feitos a partir de velhos guarda-chuvas estragados.
Para os dois criativos, os dias são divididos entre a loja e o atelier (localizado num outro bairro típico lisboeta, a Mouraria), onde uma nova colecção ameaça revelar um lado mais exuberante da marca portuguesa. A par de novos acessórios, mas também das novas peças adicionadas à colecção permanente de básicos, abre-se a porta a fibras recicladas e às primeiras roupas feitas em cânhamo. O lançamento está marcado para Abril.
Até lá, a escala de cores mantém a cadência perfeita nos expositores da loja. Aqui, entram sobretudo clientes ocasionais, turistas na sua maioria. Os portugueses, como explicam, preferem a loja online à medida que vão conhecendo o cair destas peças de design limpo e utilitário. São quase todas feitas em Lisboa, pelas mãos de Manuela e Sohil, os costureiros de serviço, deixando apenas uma pequena parte da produção a cargo de uma confecção industrial. Embora contem já com uma equipa de cinco pessoas, continua a caber aos dois fundadores gerir a Wetheknot, do design à venda ao público.
De porta aberta desde Novembro, a loja tem ainda despertado a curiosidade dos vizinhos. A montra destaca-se no bairro e pode ser a primeira de uma nova vaga de negócios. “Com o boom do turismo, o tecido do comércio alterou-se e muitas lojas tradicionais acabaram por fechar as portas. Acho que a nossa, com um estilo mais contemporâneo, pode recuperar essa proximidade”, conclui Filipe.