Uma horda de mulheres vestidas de preto inicia movimentos rítmicos e gritos estridentes cadenciados que fazem desaparecer qualquer noção de tempo e de espaço, ou seja, Corbeaux.
Na peça da coreógrafa marroquina Bouchra Ouizguen (encomenda da Bienal de Marraquexe, em 2014 estreada em frente à estação de comboios da cidade), que inaugura esta edição do Festival Alkantara, as “figuras em movimento, carregadas com o peso das memórias dos rituais Issawa e Hmadcha” originários de Marraquexe, recordam tanto noites de transe como um tempo em que “a loucura tinha o seu lugar na sociedade, tal como descreve a literatura persa dos séculos IX e XII.” A experiência espera-se “intensa” nesta busca/desejo de levar dançarinos e público até “à ideia de origens”, que a autora descreve como “uma escultura sonora, bruta e urgente, que ressoa infinitamente.”