Já conhecia o livro de Jean-Daniel Baltassat, O Divã de Estaline, que está na base deste filme, ou foi uma descoberta?
Foi uma coincidência. Eu estava à procura de um livro para dar um papel ao Gérard Depardieu, de quem gosto muito. Queria encontrar um papel à medida dele. E um dia, encontrei este livro e li-o. Eu sempre tive uma grande paixão pela cultura russa e muito interesse pela história russa. E esta história tinha unidade de tempo, de lugar e de acção, e um papel à medida do Gérard. E é também uma tragédia sobre vender ou não a alma ao poder, mas que termina com aquela metáfora do cãozinho que consegue escapar aos terríveis cães dos militares. É o único raio de esperança no meio desta história negra.
Estaline tinha mesmo um divã que havia pertencido a Sigmund Freud?
Não, é uma liberdade ficcional. Foi um divã que o autor viu na Geórgia, quando fez uma viagem à Rússia, num palácio que havia sido de um grão-duque, e que ficava junto a umas fontes termais onde Estaline ia fazer curas de águas. O divã estava numa sala onde Estaline tinha o seu escritório, e fê-lo pensar naquela imagem que toda a gente conhece, a do divã de Freud, em Viena ou em Londres. E nessa altura, o escritor decidiu criar uma história a partir do divã. Mas eu mexi muito no livro, mudei bastantes coisas.
Como se dirige um actor da estatura de Gérard Depardieu, que interpreta Estaline?
Acho que depende dos papéis, e também dos realizadores. Eu gosto muito do Gérard e já nos conhecemos há muito tempo. Tenho a certeza que ele gosta que o vejam trabalhar, não gosta que o realizador que o está a dirigir o ignore. E se ele percebe que lhe estamos a dar atenção, é como tocar um Stradivarius. Pode até estar nervoso, mas está contente, porque sabe que lhe deram atenção, que tiveram consideração pelo que está a fazer, pelo seu trabalho de representação.
Leia a entrevista completa na Time Out Lisboa que chega às bancas na próxima quarta-feira.