Becoming Elizabeth
Nick BriggsBecoming Elizabeth
Nick Briggs

‘Becoming Elizabeth’ não vai deixar marca

Visualmente embaciada e corriqueira, e narrativamente limitada, a série da TVCine Emotion sacrifica o rigor histórico ao erotismo e aos anacronismo de linguagem.

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★★☆☆☆

A rainha Isabel I de Inglaterra já foi personificada, no cinema e na televisão, por várias grandes actrizes, desde Sarah Bernhardt ainda no tempo do mudo, até Flora Robson, Bette Davis, Judi Dench, Cate Blanchett, Helen Mirren, Margot Robbie ou especialmente Glenda Jackson, esta na magnífica série Elizabeth R. (1971), que a RTP exibiu na altura, e na tela em Duas Rainhas, no mesmo ano. Até a juventude de Isabel I foi já recriada pelo cinema, em Amor de Rainha (1953), com Jean Simmons no papel principal.

Alicia von Rittberg, que interpreta a futura Isabel I em Becoming Elizabeth (TVCine Emotion, Qui 22.10), não chega aos calcanhares de Simmons em beleza e em star power, e a série em si também não é particularmente entusiasmante, quer do ponto de vista da reconstituição histórica, quer do ponto de vista dramático. A produção pretende capitalizar, embora de forma mais sóbria, no filão aberto por Os Tudors, que não passava de uma versão exacerbada de Dallas passada na Inglaterra dos séculos XV e XVI, e também na enorme popularidade de Sucessão, ao apresentar-se, no essencial, como uma história interfamiliar e tóxica de luta pelo poder, com bastante sexo pelo meio (e ainda uma sugestão de drama teen em roupagens de época). 

O rigor histórico é, aliás, consideravelmente sacrificado ao erotismo em Becoming Elizabeth, e também prejudicado quer pelos anacronismos de linguagem de várias das personagens (sem falar na muitas tiradas sub-shakespeareanas que proferem), quer do elenco, por obrigações politicamente correctas. O facto de Alicia von Ritterberg ter quase 30 anos e estar a personificar uma adolescente com 14 primaveras quando a história começa, também ajuda pouco à verosimilhança da figura da jovem futura rainha. E apesar do investimento nos cenários e no guarda-roupa, a série nunca deixa de transmitir a sensação de ter sido feita com um orçamento algo controlado. Visualmente embaciada e corriqueira, e narrativamente superficial e limitada, e apesar da presença de actores experientes como Tom Cullen ou Romola Garai, Becoming Elizabeth não vai deixar marca no já considerável acervo cinematográfico e televisivo sobre a lendária monarca Tudor.

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