Sete filmes com Matthew McConaughey

Esta adaptação de um thriller jurídico de John Grisham permitiu a Matthew McConaughey ter um papel principal numa fita mainstream de primeiro plano, que o pôs de vez no centro das atenções de Hollywood. O seu Jack Tyler Brigance foi o primeiro de vários advogados que viria a interpretar posteriormente. O filme, embora com um enredo engenhoso, é previsível e cheio de personagens e situações feitas, e McConaughey destaca-se pela energia e intensidade que injecta no seu causídico idealista e determinado.

A mais potável das comédias românticas que o actor protagonizou nos primeiros anos deste século, e que o tornaram num ídolo do público feminino, levando à sua eleição pela revista People como “homem mais sexy do mundo”. McConaughey faz um publicitário e grande engatatão, que aposta que consegue conquistar uma mulher em dez dias para conseguir uma grande campanha de um anunciante. E encontra uma jornalista (Kate Hudson) que vai escrever um artigo cujo tema é: como perder um homem em dez dias.

Matthew McConaughey também tem muito jeito para interpretar filmes de aventuras, como se prova por esta adaptação ao cinema de um dos livros da série escrita por Clive Cussler e cujo herói é Dirk Pitt, um explorador e antigo Seal da Marinha dos EUA, que anda sempre acompanhado pelo seu parceiro gozão Al Giordino. Aqui, o actor diverte-se, e diverte-nos, num enredo ocupadíssimo em que Dirk e Al (Steve Zahn) vão em busca de um navio que se afundou durante a Guerra Civil americana com uma misteriosa carga, e acabam no Deserto do Saara.

Mudança radical de registo para Matthew McConaughey nesta fita baseada numa peça do seu colega Tracy Letts, que também assinou o argumento. Ele personifica Killer Joe Cooper, um polícia que também é um assassino contratado, que aceita fazer um trabalho para um traficante de droga que deve muito dinheiro a pessoas perigosas. Este quer que Joe lhe mate a mãe, para ficar com o dinheiro do seguro, pagar as suas dívidas e salvar a pele. McConaughey interpreta Joe como um sádico sinistramente cool e com um sentido de humor muito negro.

Este drama policial com contornos de “gótico americano” e ambientado no Arkansas, valeu a Matthew McConaughey um dos melhores papéis da sua carreira, na figura de um misterioso homem chamado Mud (o título original do filme). Mud foge de alguém ou de alguma coisa, está refugiado numa ilha do rio Mississippi e faz um pacto com dois adolescentes locais, para estes o ajudarem a escapar de quem o persegue. McConaughey é excepcional no estranho e perturbado Mud, evitando os tiques do histrionismo e o cabotinismo do overacting.

O Óscar de Melhor Actor foi parar às mãos de Matthew McConaughey pelo seu papel neste fita passada no auge da devastação causada pela Sida nos EUA. O actor fez uma dieta que o pôs de pele e osso, para poder interpretar Ron Woodroof, um cowboy homofóbico de Dallas atingido pela doença, que por portas e travessas consegue ficar de posse de medicamentos experimentais ou alternativos, formando o Clube de Dallas do título para os tornar acessíveis a outros doentes como ele, em especial gays e transexuais. Um ano mais tarde, McConaughey voltaria a mudar de aspecto físico radicalmente para a série True Detective, de novo com excelentes resultados dramáticos.

É um dos melhores filmes de ficção científica de sempre, e Matthew McConaughey raramente esteve tão bem como aqui, no papel de Cooper, o astronauta que lidera uma equipa lançada para o espaço, para descobrir um planeta com condições de vida semelhantes às da Terra, que está numa situação de pré-catástrofe ecológica. A sua relação com a filha, Murph, é um dos centros de gravidade dramáticos da fita e Christopher Nolan enlaça-a magnificamente com a missão quase impossível que o pai e seus parceiros têm que cumprir. A sequência em que Cooper está dentro no cubo interdimensional e tenta comunicar com a filha no passado que lhe é "contíguo", é inesquecível.