Texas Chainsaw Massacre
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O melhor do terror e da ficção científica de Tobe Hooper

O autor do clássico de terror 'Massacre no Texas', que ajudou a revolucionar o género, morreu no fim-de-semana, com 74 anos. Recordamos aqui os seus trabalhos mais importantes para cinema e televisão

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Juntamente com George Romero, Wes Craven ou John Carpenter, Tobe Hopper contribuiu para mudar o cinema de terror entre os finais da década de 60 e os anos 70, com filmes poderosamente viscerais, visual e emocionalmente 

O melhor do terror e da ficção científica de Tobe Hooper

‘Massacre no Texas’ (1974)

Juntamente com George Romero, Wes Craven ou John Carpenter, Tobe Hooper foi um dos realizadores americanos que revolucionaram o cinema de terror no final da década de 60 e na de 70, fazendo filmes de baixíssimo orçamento, poucos meios e interpretados por desconhecidos, mas poderosamente viscerais do ponto de vista visual e emocional. Eles tiraram o terror das suas atmosferas tradicionais e puseram-no no seio do quotidiano mais banal, criando ao mesmo tempo novos monstros e ameaças, sob a forma de seres humanos disformes no físico e na mente. Em Massacre no Texas, um pequeno grupo de jovens é aterrorizado e massacrado por uma família de canibais onde pontifica Leatherface, que cobre a cara deformada com uma máscara feita de pele humana e maneja uma mortífera motosserra. Hooper instala uma atmosfera de pesadelo febril e macabro, com requintes de malvadez redneck, alinhando momentos e detalhes inesquecíveis, como a galinha dentro da gaiola, os relógios empalados, a cadeira com braços humanos ou a sequência em que o avô, que julgamos morto e mumificado, começa de súbito a chuchar o sangue do dedo da aterrorizada rapariga interpretada por Marilyn Burns. Tobe Hooper assinou uma parte 2 em 1986 e depois disso houve um remake e várias continuações. Mas não há horror como o primeiro, e aí está Massacre no Texas para o comprovar.

‘A Purificação de Salem’ (1977)

Tobe Hooper trabalhou muito para a televisão, sobretudo a partir de finais dos anos 80, quando começou a enfrentar dificuldades várias no cinema. Este telefilme solidamente arrepiante, baseado no livro de Stephen King, foi a sua estreia no pequeno ecrã, e está sem a menor dúvida entre as melhores adaptações feitas para imagens de uma obra do mestre do terror. Um escritor e um rapaz fã de filmes de terror juntam forças para tentar impedir que a cidadezinha da Nova Inglaterra onde nasceram seja infiltrada por vampiros, que têm a sua origem numa velha casa, alegadamente assombrada, e comprada por um abastado negociante de antiguidades e pelo seu misterioso sócio, que nunca aparece em público. James Mason destaca-se num vampiro sofisticado mas nem por isso menos sinistro.

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‘Acidente no Luna Parque’ (1981)

Se há um filme de Tobe Hopper que possa ombrear com Massacre no Texas, é este Acidente no Luna Parque, que alguns acham mesmo ser superior àquele, embora a má recepção da crítica e os fracos resultados de bilheteira o tenham prejudicado muito. Quatro adolescentes que ficaram a passar a noite sem autorização numa das atracções de um parque de diversões, testemunham um assassinato. São perseguidos pelo criminoso, que usa uma máscara de Frankenstein, e descobrem que ficaram fechados. Hooper antecipa uma série de situações-tipo e de dispositivos narrativos e cinematográficos do slasher movie, volta a insistir no tema do monstro humano duplamente disforme e tira o máximo partido, para criar medo e suspense, do espaço limitado e específico em que os adolescentes se vêem encerrados.

‘Poltergeist-O Fenómeno ‘ (1982)

Terá Tobe Hooper sido meramente “teleguiado” por Steven Spielberg neste filme de terror sobre uma família suburbana que vê a sua casa ser invadida e assombrada por fantasmas, que acabam por raptar a filha mais nova do casal através da televisão? A fita, cujo argumento também teve a participação de Spielberg, está cheia de temas e de personagens queridas ao autor de Tubarão e Encontros Imediatos do Terceiro Grau. Hooper, que este tinha contratado por ter gostado muito de Massacre no Texas, faz um trabalho discreto e competente num registo de terror que não é o seu, e com um orçamento e meios de produção de que poucas vezes dispôs. Como seria de esperar dado todo o enquadramento, Poltergeist-O Fenómeno foi um dos seus raros sucessos comerciais.

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‘As Forças do Universo’ (1985)

Parte ficção científica apocalíptica, parte terror com um toque erótico, produzido pela Cannon, baseado num livro de Colin Wilson e com argumento de Dan O’Bannon e Dan Jakoby, As Forças do Universo é o exemplo chapado e glorioso de um filme de culto com todos os matadores. Na sua passagem pela Terra, o Cometa de Halley traz consigo uma nave espacial tripulada por extraterrestres humanóides e vampirescos, mas que em vez do sangue, sugam a força vital das pessoas e transformam-nas em zombies. O pânico instala-se em Londres, enquanto os militares interpretados por Steve Railsback e Peter Firth tentam eliminar a comandante da nave, e vampira-mor, personificada por uma capitosa Mathilda May. Tobe Hooper, que teve carta branca dos produtores, realiza vigorosa e gostosamente

‘Os Invasores de Marte’ (1986)

Um remake do filme de ficção científica que William Cameron Menzies assinou em 1953, quando os EUA estavam atingidos pela febre dos discos voadores e Hollywood se desdobrava em fitas sobre os ditos e sobre invasores de outros planetas, sobretudo de Marte. A fita foi feita também sob a égide da Cannon de Menahem Golan e Yoram Globus, tal como As Forças do Universo, e além de voltar a contar a história do ponto de vista do miúdo protagonista, que assiste à invasão “secreta” da sua cidade por alienígenas que tomam conta das mentes dos habitantes, Tobe Hooper instala uma atmosfera muito próxima da do original, que destila nostalgia pelas fitas do género dos anos 50. Infelizmente, Os Invasores de Marte não vingou junto da crítica ou dos espectadores, e bem merece ser reapreciado.

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