IT'S GOOD TO BE KING Spielberg gets the royal treatment.
Photo: Turner Classic Movies
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Os melhores filmes de Steven Spielberg

Foi preciso um documentário para lembrar a importância do cinema de Steven Spielberg. Graças a Susan Lacy reparou-se que já lá vão 40 anos de carreira. Quase sempre lucrativos, embora nem sempre criativos, porém sempre motivo de atenção.

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Talentoso, sem dúvida, mas carente de densidade artística, disse dele a famosa crítica de cinema Pauline Kael. E se, por um tempo, Steven Spielberg não ligou e se entregou de alma e coração a criar êxitos de bilheteira, verdade é que o resto da sua carreira é uma busca por essa densidade artística via abordagem aos “grandes temas”. Sete exemplos dizem que às vezes conseguiu.

+ A série da HBO sobre os primeiros passos de Spielberg

Os melhores filmes de Steven Spielberg

Um Assassino pelas Costas (1971)

O talento do realizador, que andava a arrastar-se por séries de televisão, ficou logo à vista nesta empolgante realização do argumento de Richard Matheson. Ironicamente encomendado por uma estação televisiva, mas dirigido como se o grande ecrã fosse o seu destino (como realmente foi em muitos países, Portugal incluído), o filme, com Dennis Weaver, Jacqueline Scott e Eddie Firestone, narra a história do mal-entendido entre um condutor de ligeiro meio aselha e um motorista de camião com mau feitio, recorrendo a todos os requintes do filme de acção entrecruzado com o filme de estrada e ligeiramente infectado pelo cinema de terror psicológico.

Tubarão (1975)

Com tantos filmes sobre tubarões produzidos nas últimas quatro décadas é fácil esquecer que tudo começou com um animal, mecanicamente animado mas ainda assim completamente normal, exprimindo o seu instinto, que, no caso, infelizmente, era comer o maior número de banhistas possível.

Roy Scheider, Robert Shaw e Richard Dreyfuss não andaram à caça de uma besta bicéfala, nem daquelas de quatro cabeças mais recentemente entradas no mercado. No entanto, uma coisa é certa, sem Tubarão eles não apareciam agora em tornados. Foi com este filme, com a forma espectacular como, depois de criar tensão sobre tensão, Spielberg torna as cenas de perseguição uma espécie de fábula sobre a relação entre os humanos e a natureza, que o seu nome ganhou lugar no firmamento privado de Hollywood.

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E.T. – O Extraterrestre (1982)

Se quem não se sente não é filho de boa gente, quem não derramou uma lágrima furtiva na cena da morte de E.T…. Enfim. O mais comovente filme da década de 1980 (e um dos primeiros a retratar um extraterrestre como, digamos, um tipo decente metido numa aflição) tem um lugar especial na cinematografia de Steven Spielberg, principalmente porque estreou logo a seguir ao estrondoso êxito de Os Salteadores da Arca Perdida (o primeiro da série Indiana Jones), uma obra de acção exemplar mas onde se notava a razão do reparo da crítica Pauline Kael, na revista New Yorker, anos atrás.

Escrito por Melissa Mathison, com os jovens Henry Thomas, Drew Barrymore e Peter Coyote, e visto por alguns críticos, em leitura sem dúvida política, como um filme contra a discriminação racial, a película explora com grande simplicidade as relações entre seres diferentes, deixando como lastro uma mensagem ingénua, contudo reconfortante, num mundo, na altura como agora, um pouco decepcionante.

A Lista de Schindler (1993)

Anos e anos à procura do respeito de Hollywood, em filmes como A Cor Púrpura ou O Império do Sol, intercalados por grandes entretenimentos para as massas (mais dois volumes da série Indiana Jones e Parque Jurássico, por exemplo), chegava a altura de Steven Spielberg usar de todo o peso artístico e comercial para se atirar ao seu mais arriscado projecto.

Um quarto de século depois, A Lista de Schindler está longe de ser uma película consensual, embora seja, sem dúvida, uma grande obra, uma daquelas a que se pode chamar um retrato do Holocausto, que, sim, parte do particular e do excepcional, mas desenvolve-se como um grande libelo contra todas as formas de violência racista, assim ganhando universalismo completamente merecedor do Óscar para Melhor Realização. A qualidade do romance de Thomas Keneally e do argumento de Steven Zaillian, mais as interpretações exemplares de Liam Neeson, Ralph Fiennes e Ben Kingsley, foram grande contributo, todavia são as soluções plásticas encontradas pelo realizador a razão da sua diferença – e persistente actualidade.

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O Resgate do Soldado Ryan (1998)

Cinco anos passados e eis o segundo Óscar de realização. Sem grande discussão, aliás, mas também sem grande alarido, pois esta história de abnegação e sacrifício, apesar do motivo politicamente fútil que move a missão comandada por Tom Hanks em busca da personagem interpretada por Matt Damon, é um filme de acção em estado puro.

Com argumento de Robert Rodat, Spielberg não descura o conteúdo político e psicológico nem o seu carácter humanista neste retrato das crueldades da guerra. E as cenas de acção são verdadeiramente inesquecíveis, tornando alguns momentos históricos e bem documentados numa viagem hiper-realista pelo melhor e pelo pior dos seres humanos.

A.I.: Inteligência Artificial (2001)

Várias são as razões para considerar este filme um dos melhores da carreira de Spielberg. O menos é, decerto, ser o último argumento que escreveu desde então, embora tenha a sua importância tratar-se de uma colaboração com Stanley Kubrick (que a morte impediu o realizador de concluir), baseada no conto do brilhante Brian Aldiss, Supertoys Last All Summer Long. Spielberg e Kubrick, mesmo não se sabendo o real peso deste no produto final, tornaram-na ainda melhor e mais emocionante, permitindo, no processo, grandes interpretações a Haley Joel Osment e Jude Law – e deixando o espectador a pensar nas possibilidades da Inteligência Artificial, agora, sem dúvida, uma reflexão necessária e de grande utilidade.

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Relatório Minoritário (2002)

A adaptação do conto de Philip K. Dick foi mais uma, e com a película anterior, a mais séria incursão de Spielberg no território da ficção científica. Também assinala o início deste duradouro intervalo da sua criatividade, desde então trocada pela segurança da técnica.

Apesar das personagens interpretadas por Colin Farrell e Samantha Morton não conseguirem conter, ou pelo menos esconder, a acelerada cabotinice de Tom Cruise, frequentemente em sobre-representação, esta medíocre interpretação não impede o filme de ser uma séria reflexão sobre a responsabilidade, a inevitabilidade, a tragédia e eventualmente a reconciliação. Sem descurar a espectaluridade da acção, o realizador, à laia de subtexto, introduz o tema da segurança nas sociedades modernas, mais uma vez antecipando uma discussão, agora em curso e com muito para dar.

Outras lendas de Hollywood

  • Cinemas

Uma dezena de filmes com Tom Hanks, que, em conjunto, ilustram as qualidades deste actor com enorme apelo popular, à-vontade na comédia como no o drama e que se tem passeado por muitos géneros e por obras de dimensões muito díspares.

  • Filmes

Faça lá as contas: 80 papéis, 19 nomeações aos Óscares, 3 vitórias. Se isto não merece um prémio de carreira, então não sabemos o que merece. A 74ª edição dos Globos de Ouro distinguiu Meryl Streep, de 67 anos, com o prémio Cecil B. DeMille. Enquanto o discurso da actriz norte-americana se tornou viral, nós fomos à procura dos seus 10 melhores filmes.   

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  • Filmes
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