Apocalypse Now
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Clássicos de cinema para totós. Os melhores filmes dos anos 70

De "MASH", de Robert Altman, a "Apocalypse Now", de Francis Ford Coppola, estes são os melhores filmes dos anos 70

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O olhar de Hollywood mudou na década de 70. E o sistema dos estúdios foi substituído por um cinema mais estético e politicamente atrevido, por um lado, enquanto, pelo outro, começava a era dos blockbusters e o triunfo do cinema de entretenimento e efeitos especiais. Estes últimos filmes não se encontram representados nesta lista dos melhores filmes dos anos 70. Encontram-se, isso sim, clássicos como MASH (1970), de Robert Altman, Taxi Driver (1976), de Martin Scorsese, Annie Hall (1977), de Woody Allen, ou Apocalypse Now (1979), de Francis Ford Coppola – e quem é que não adora o cheiro a napalm pela manhã?

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Os melhores filmes dos anos 70

1. MASH (1970)

A década começa com Robert Altman a dirigir uma mordaz sátira a partir dos romances de Richard Hooker sobre a Guerra da Coreia. Centrando o seu filme numa unidade médica do exército dos Estados Unidos, estacionada naquele canto da Ásia durante o conflito entre Norte e Sul (ou entre comunismo e capitalismo) que dividiu o país, o tom de farsa político-militar é dado logo nas primeiras imagens com a chegada dos novos cirurgiões, os capitães “Hawkeye” Pierce (Donald Sutherland), “Duke” Forrest (Tom Skerritt) e “Trapper” John McIntyre (Elliott Gould), cuja perspectiva sobre a sua missão é bastante diferente da dos seus superiores, principalmente no aspecto do divertimento.

2. Laranja Mecânica (1971)

Se em 2001: Odisseia no Espaço, Stanley Kubrick deixou meio mundo a pensar no que está além, algures no espaço sideral, ou nas eventuais consequências da Inteligência Artificial, em Laranja Mecânica é a violência e a maneira do Estado a reprimir que está no centro da acção. Neste, que é um dos mais controversos e brilhantes filmes do realizador, Malcolm McDowell interpreta um jovem chefe de gangue futurista, alimentado a leite fortificado e violência descabelada, que, denunciado à polícia depois de um assalto particularmente sangrento, é sujeito a uma experiência científica alegadamente destinada a prevenir o crime. O resultado é triunfante e lamentável, pois a manipulação, quer dizer, a lavagem ao cérebro a que foi sujeito, torna-o incapaz de se defender.

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3. Uma Mulher Sob Influência (1974)

Gena Rowlands é brilhante no papel de Mabel, uma mulher casada com um operário da construção civil (Peter Falk) cujo alcoolismo ela tenta a todo o custo manter sob controlo, neste filme de John Cassavetes nomeado para dois Óscares. Por este resumo se vê como a película é sobre a doença, ou a fraqueza do espírito de alguém à beira do precipício, todavia aqui também se encontra uma observação reflexiva sobre o papel das mulheres, como Mabel, dedicadas a tempo inteiro às tarefas domésticas, entre a comunidade ítalo-americana em tempos de mudança política e social.

4. Voando Sobre um Ninho de Cucos (1975)

Por falar em psiquiatria e algumas das suas habilidades, Milos Forman adoptou um argumento de Lawrence Hauben e Bo Goldman, a partir do romance de Ken Kesey, sobre a vida no interior de uma instituição psiquiátrica. E saiu-se tão bem que o filme valeu cinco Óscares (Melhor Filme, Melhor Realização, Melhor Argumento Adaptado, e ainda os óscares para os melhores Actor e Actriz). Com Louise Fletcher inspirada e sublime no papel da rude enfermeira Ratched, e Jack Nicholson, encarnando um criminoso que finge ser louco para evitar o encarceramento formal e fazendo um pé de vento que vira o manicómio mais ou menos de pernas para o ar, ainda mais sublime, inspirado e convincente do que já era seu costume, Forman traça um retrato cru das instituições psiquiátricas e do seu papel no controlo social.

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5. Os Homens do Presidente (1976)

Filmado de maneira tradicional por Alan J. Pakula, a relevância desta película (que valeu quatro Óscares em oito nomeações, para não falar nos Globos de Ouro e outros prémios) vem da sua importância e oportunidade política. Baseado no livro dos jornalistas do Washington Post, Carl Bernstein e Bob Woodward (respectivamente interpretados por Dustin Hoffman e Robert Redford), sobre o caso Watergate e como desenvolveram as reportagens que levaram à demissão (para evitar a destituição formal) do presidente Richard Nixon, a obra de Pakula põe o dedo na ferida da relação dos políticos com a verdade e com o seu apego ao poder.

6. Taxi Driver (1976)

Foi Martin Scorsese quem realizou e Paul Schrader quem escreveu o argumento, mas é de Robert De Niro (e, vá lá, da ainda muito jovem Jodie Foster) que toda a gente se recorda quando se fala de Taxi Driver. “You talkin’ to me?” é uma das frases inesquecíveis do cinema contemporâneo, mas nem isso, nem a sua mais do que brilhante interpretação de um taxista em via de se passar dos carretos, valeu o Óscar. No entanto, Travis Bickle entrou na história do cinema como o justiceiro marado com uma missão, e o filme de Scorsese ficará nos anais do cinema como um exemplo de realismo duro e nu que tão bem traduziu, como se costuma dizer, o ar do seu tempo.

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7. Annie Hall (1977)

Na segunda metade da década de 1970, Woody Allen já era um realizador com algum crédito na praça, conhecido pelo sarcasmo e o humor autocorrosivo que destilava nas suas obras. E Annie Hall é, por um lado, o corolário da sua carreira de comediante, e, por outro, o início da sua afirmação como um cineasta incapaz de ligeireza, mas habilidoso o necessário para injectar graça e elegância até a uma comédia psicótica-romântica. Muito bem assessorado por Diane Keaton, Tony Roberts, Shelley Duval e Christopher Walken, Allen venceu dois dos quatro Óscares atribuídos pela Academia ao filme – que não foi receber, pois nessa noite tinha concerto com a New Orleans Jazz Band e não lhe dava jeito.

8. O Caçador (1978)

Se em MASH a guerra era essencialmente uma diversão, em O Caçador Michael Cimino foi um dos primeiros realizadores a olhar para a Guerra do Vietname do ponto de vista dos soldados que regressam a casa carregando dor, trauma e desilusão. A energia obsessiva do filme (que pode ser sintetizada na cena da roleta russa) é em muito responsabilidade das vívidas interpretações de Robert De Niro (mais uma vez nomeado para um Óscar que não ganhou, o que aliás aconteceu também a Meryl Streep), Christopher Walken (Óscar para Melhor Actor Secundário) e John Cazale.

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9. Dias do Paraíso (1978)

Neste tempo, Terrence Malick ainda só realizara Noivos Sangrentos, mas já estava perto, embora não o anunciasse, de se retirar durante os 20 anos que se sucederam a esta película com Richard Gere, Brooke Adams e Sam Shepard. Obra-prima que a Academia praticamente ignorou (embora tenha atribuído o Óscar para Melhor Fotografia a Néstor Almendros), Dias do Paraíso é sobre a mudança e a vaidade dos que se entregam à transformação da sociedade, utilizando como cenário a colonização do Oeste dos Estados Unidos, no início do século XX, e os conflitos entre os então senhores das terras e os que chegavam em busca de fortuna perseguindo uma ambição.

10. Apocalypse Now (1979)

Por esta altura, Francis Ford Coppola já carregava o peso da fama e de alguns Óscares, principalmente graças ao êxito dos dois primeiros tomos de O Padrinho. Talvez por isso a sua queda para a megalomania (que havia de o levar à falência depois do excelente e caríssimo Do Fundo do Coração fracassar com grande estrépito um par de anos depois) acentuou-se e foi paradoxalmente fundamental para a conclusão de Apocalipse Now – sem dúvida um dos filmes mais complicados de produzir. Mas produziu-se. E a viagem rio acima de Martin Sheen à cata do coronel Kurt, interpretado por Marlon Brando (parte de um elenco onde se encontram Robert Duvall e Dennis Hopper, além dos jovens Laurence Fishburne e Harrison Ford), tornou-se muito mais do que um filme de guerra graças ao denso, rico e filosoficamente existencialista argumento de John Milius inspirado num curto romance de Joseph Conrad (O Coração das Trevas).

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