1. Scarface, o Homem da Cicatriz (1932)
As coisas são como são. Por exemplo: o filme de Howard Hawks sobre o crime na era da Lei Seca em Chicago, uma versão mal disfarçada da história de Al Capone, começou por ser considerado pelo estúdio matéria demasiado controversa para ser exibido. A razão principal era a de que glamorizava, por assim dizer, o crime e os criminosos, numa época, a Grande Depressão, em que o desemprego e a fome não deixavam alternativas a muitos. Era verdade, mas ainda assim a realização de Hawks é um trabalho excepcional, que não contempla julgamento moral na sua procura por uma outra versão da verdade através da exploração dos novos códigos estéticos permitidos pelo cinema sonoro. As interpretações exemplares de Paul Muni e Ann Dvorak são um grande contributo ao trabalho do realizador, mas é sem dúvida George Raft quem se faz notar e quem melhor encarna o carácter primário da personagem.