Willem Dafoe em "The Florida Project"
Bobby, o gerente de um hotel baratucho em Orlando, mesmo à beira da Disney World, sítio habitado por vencidos da vida, mostra um Willem Dafoe tão bruto e frio nos assuntos gerais da gerência, quanto terno e doce quando lhe cabe cuidar, mesmo que contrariado, dos residentes mais jovens que os pais deixam ao deus dará.
Até aqui chegar, o actor começou por ser um dos fundadores, em meados dos anos de 1970, da companhia de teatro experimental nova-iorquina The Wooster Group (com a qual, aliás, actuou em Lisboa, no Centro Cultural de Belém, interpretando The Hairy Ape, de Eugene O’Neill, aí por meados da década de 1990). Depois de 2005, quando abandonou a companhia, a relação com o palco manteve-se através do trabalho com Richard Foreman e, mais recentemente, com Robert Wilson, em The Life & Death of Marina Abramovic, e, lado a lado com Mikhail Baryshnikov, The Old Woman. Mas não fica por aqui: trabalha com o encenador Romeo Castellucci em The Minister's Black Veil, a partir de Nathaniel Hawthorne.
Contudo, é do cinema que toda a gente o conhece e com boas razões, pois a solidez das suas interpretações não só lhe valeram duas nomeações anteriores nesta categoria (A Sombra do Vampiro, de E. Elias Merhige, e Platoon, de Oliver Stone) como se tornou, de certo modo, numa espécie de certificado de garantia de uma película, o que justifica ter trabalhado com realizadores tão diferentes como Kathryn Bigelow, Zhang Yimou, Wes Anderson, Martin Scorsese, David Lynch, Oliver Stone, William Friedkin, Werner Herzog, Lars Von Trier, Abel Ferrara, Spike Lee, Julian Schnabel, ou David Cronenberg e Paul Schrader… Descubra aqui os seus filmes obrigatórios.
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