Olhares Lugares
Olhares Lugares é um dos candidatos ao Óscar de Melhor Documentário

Óscares 2018: E o Melhor Documentário é…

Documentários sobre assuntos sociais a necessitar de tratamento urgente nunca faltaram nas nomeações para os Óscares. Desta vez, porém, a Academia escolheu cinco obras muita distintas. Todas, apesar das suas diferenças, importantes nesta época confusa.

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A crise económica de 2008, a vida nas pequenas comunidades, a dopagem no desporto russo, a Guerra da Síria, ou o papel da Justiça na discriminação racial são os temas dos cinco filmes nomeados. Obras que, apesar de uma excepção, contrariam a tendência de confundir realidade com ficção, fixando no documentário realista as suas intenções.

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Óscares 2018: E o Melhor Documentário é…

Abacus: Small Enough to Jail

A crise económica de 2008 cunhou uma nova expressão. “Too big to fail”, isto é, “demasiado grande para falir” foi a frase que serviu para justificar a intervenção do governo norte-americano (e, por efeito dominó, a União Europeia e os governos de muitos outros países) nos grandes bancos que, por ganância e má gestão, se afundaram, causando danos na economia mundial. Nos Estados Unidos alguns banqueiros foram presos, é certo, mas nenhum banco ou empresa financeira, enquanto tal, foram alguma vez acusados. Todos? Não. Daí o título deste documentário, Abacus: Small Enough to Jail, a história de um pequeno banco familiar com sede em Chinatown, Nova Iorque, que se tornou o único acusado durante a crise. A história, contada quase em jeito de thriller, pelo documentalista Steve James (que em 1995 foi nomeado por Hoop Dreams), tem o seu quê de kafkiano, pois foi da família proprietária do banco que partiu a denúncia às autoridades federais para as irregularidades nas suas contas, e foi essa mesma família quem enfrentou durante anos as mesmas autoridades federais acusada de “conspiração criminosa alimentada pela ganância.”

+ Filmes que retratam a crise

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JR tem menos uns 50 anos que Agnès Varda, já nos 90, e, como ela diz, a ver desfocado. Mas, mesmo assim, juntou-se ao fotógrafo e artista plástico e, de carrinha, atravessaram França fotografando pessoas que, tornadas em retratos gigantes, afixavam na parede mais a jeito. Escreveu Eurico de Barros, aqui, na Time Out: “Apesar da presença de JR e das suas fotos descomunais, Olhares Lugares é um documentário todo ele de Varda. Melancólico e bem-disposto, peripatético, poético e artesanal, partindo dela para os outros, sempre em busca de histórias curiosas, coincidências, acasos e pequenos insólitos, sempre atraída pelas pessoas comuns e pelas suas vidas e interesses, e encontrando ao longo do caminho, coisas, objectos e gente que consegue relacionar com a sua própria existência, com os seus hábitos e gostos ou com o cinema: o seu, o dos outros ou o da sua geração.”

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Icarus

A intenção inicial era um filme sobre dopagem nos desportos profissionais. Para tal, o realizador, Bryan Fogel, planeou o seu próprio regime de dopagem de forma a observar os resultados enquanto percorria o caminho da Volta a França em bicicleta. No processo Fogel conheceu o cientista russo Grigory Rodchenkov. E o que começou por ser um projecto pessoal tornou-se num instantinho numa grande investigação ao programa de dopagem de atletas olímpicos promovido com o beneplácito do governo russo. As consequências são conhecidas e boa parte das instituições desportivas da Rússia foram suspensas pelas respectivas federações internacionais, incluindo o Comité Olímpico.

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Last Men in Aleppo

Apesar da concorrência (só no festival de Sundance estrearam três documentários sobre o mesmo tema), o filme de Firas Fayyad, com co-direcção de Steen Johannessen, sobre o trágico destino da cidade de Alepo durante a Guerra da Síria destaca-se. Razão principal é, decerto, a opção do realizador por uma visão interior do conflito. Para isso, mais do que os combates, Fayyad focou a sua lente no trabalho de um grupo de voluntários sírios, conhecidos por “Capacetes Brancos”, que procuram salvar civis isolados, quando não soterrados sob as ruínas da cidade.

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Strong Island

No mundo ideal, a informação que segue não deve ter qualquer importância. Mas, longe desse mundo ideal, saber que Yance Ford, não sendo o primeiro negro, é o primeiro realizador transexual nomeado para um Óscar, tem algo que se lhe diga. Embora, na verdade, isso tenha pouco a ver com o seu filme, com certeza o mais memorialista e confessionalista dos candidatos nesta categoria. A película adapta um tom francamente pessoal, o que é a bem dizer inevitável quando o cineasta retrata a dor, a frustração e a luta para ultrapassar o assassinato do seu irmão. Narrativa emocional que o leva através de caminhos mais complexos, reflectindo não só sobre os efeitos dessa perda em si e na sua família, mas acrescentando carácter universalista à obra, somando à sua história uma mais ampla e profunda reflexão sobre a injustiça e o preconceito racial.

 

Outras categorias, outros nomeados aos Óscares

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Óscares 2018: conheça os nomeados na categoria de Melhor Filme
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Vendo as nomeações de maneira aritmético-desportiva, A Forma da Água segue à frentee Três Cartazes à Beira da Estrada está na sua peugada. O que pode muito bem nãoquerer dizer nada. Surpresas podem acontecer, pelo que nada é garantido. Exceptoserem estas as nove películas nomeadas para Óscar de Melhor Filme.

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Este Óscar deve premiar canções que tenham um papel real no filme (A Whole New World, em Aladino, por exemplo). Nem sempre acontece. Talvez aconteça este ano. Seja como for, embora atribuído aos compositores, não é indiferente quem canta os temas nomeados. E há intérpretes de peso nesta edição. 

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Óscares 2018: e o Melhor Filme Estrangeiro é…
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Um Óscar é um Óscar, e mesmo para os que, na Europa, acham o de Melhor Filme Estrangeiro sinal de paternalismo de Hollywood, nunca é indiferente o vencedor, ou os perdedores. Entre dezenas de candidatos, caíram no goto do júri cinco nomeados de diferentes latitudes estéticas e geográficas. Cinco desafios em desfile já a seguir.

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Vestir um filme é território, embora muito percorrido e concorrido, propício à imaginação e à precisão. Um pormenor e, salvo seja, pode ser a morte do artista. Nesta edição dos Óscares, fantasia e rigor histórico dominam a disputa nesta categoria. É difícil dizer quem vence. Por isso, ganhe quem tiver mais votos.

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