The Witcher
©NetflixHenry Cavill em The Witcher
©Netflix

The Witcher: fantasia feita à martelada

Chegou no final de Dezembro e era uma das estreias mais esperadas. Os fãs têm-na aplaudido, mas a crítica nem por isso. Como foi o nosso caso.

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★☆☆☆☆

Uma pessoa olha para Geralt de Rivia, o herói de The Witcher (Netflix), um matulão que é bruxo e caçador de monstros, personificado com gravidade postiça pelo poderoso canastrão Henry Cavill; e depois repara na colecção de estereótipos ambulantes, de situações feitas, de nomenclaturas arrevesadas e de expedientes narrativos coçados e indolentes que o rodeiam, e percebe logo – sobretudo se for frequentador de longa data desta modalidade da literatura de imaginação – que esta série com que a Netflix quer, por um lado, responder a A Guerra dos Tronos, da HBO, e capitalizar na voga dos filmes e séries passados em universos de fantasia, não passa de sword and sorcery de vão de escada, de pacotilha sub-tolkieniana, de fantasy feita à martelada.

No caso, por um trolha polaco chamado Andrzej Sapkoweski, qual George R.R. Martin de trazer por casa, que está para este género como um hambúrguer de uma cadeia de fast food está para um bife do lombo de um restaurante de comida caseira. Venham falar comigo quando a Netflix ou a HBO se dispuserem a adaptar, por exemplo, coisas sérias (e só para referir duas) como The Chronicles of Thomas Covenant, the Unbeliever, de Stephen Donaldson, ou a saga Elric de Melniboné, de Michael Moorcock. Até lá, não enfiem a touca do bruxo.

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“A série que vai mudar as suas noites”, proclama, com a conhecida modéstia das televisões generalistas, a voz off da SIC a propósito de Golpe de Sorte (SIC, Seg a Sex 21.45). Como se a SIC tivesse estreado o equivalente português de Black Mirror, Downton Abbey ou A Agência Clandestina, ou ao menos conseguido emular a histórica Sara de Marco Martins na RTP. Mas vai-se a ver e a muito trombeteada “série” não passa de uma telenovela de bolso, muito mal camuflada de “ficção nacional”.

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Não tivesse Sara outras qualidades, bastar-lhe-ia, para entrar na história da televisão em Portugal, a certeira, desopilante e arrasadora sátira ao mundo das telenovelas que contém na sua narrativa. Mas Sara, realizada por Marco Martins em estreia no pequeno ecrã, escrita por este, Ricardo Adolfo e Bruno Nogueira (que teve a ideia original), e com Beatriz Batarda no papel do título e a fazer televisão em Portugal pela primeira vez, tem muitas outras qualidades. 

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