A viagem pelo Universo Cinematográfico Marvel (UCM) está com cada vez mais paragens e apiadeiros. São 23 ao todo, se quisermos ser exactos. Saber para que lado fica o Norte pode, por isso, ter-se tornado uma tarefa mais difícil do que é habitual em sagas do grande ecrã.
★★★☆☆
Quem não estiver familiarizado (ou não tiver o menor interesse) no Universo Cinematográfico da Marvel, terá alguma dificuldade em seguir WandaVision (Disney+), de tal forma a série utiliza personagens, temas, referências e linhas narrativas daquele. WandaVision é, em boa parte, uma série para iniciados, pelo que os leigos e os indiferentes, postos perante o casal Vision e Feiticeira Escarlate (aliás Wanda Maximoff), ressuscitado e transferido para a televisão, enquanto não se encaixam naquele atarefado e sobrepovoado mundo ficcional, podem apreciar a excelência da direcção artística, do fazer técnico e do sentido de pastiche, que mimam ao mais ínfimo pormenor, convenção e tique, várias décadas de sitcoms americanas, dos anos 50 a preto e branco até agora, numa impressionante encenação dentro da encenação.
Com Elizabeth Olsen e Paul Bettany a ajudarem, e muito, nos papéis de Wanda e Vision, recriando os vários estilos de interpretação das sucessivas eras de sitcoms. À medida que esta primeira temporada de WandaVision se vai aproximando do final, mais a “realidade” do Universo Cinematográfico da Marvel se vai intrometendo na “irrealidade” encenada. Que a próxima não seja dominada pela espectacularidade vácua e pelo gigantismo infantilóide dos filmes de super-heróis, é o que se deseja.