“Daqui a pouco há mais bares gays do que clientes”, comentava alguém no balcão do Shelter, o mais recente bar do Príncipe Real. Rui Couto, um dos três sócios, e um dos fundadores da discoteca Construction (entretanto com outra gerência), não concorda. O bar que abriu em Agosto de 2016 e que teve em Outubro a sua maior festa, com música dos anos 80 e a coincidir com o 50.º aniversário de Rui, é “diferente dos outros”, garante. “É um refúgio, um abrigo. Um sítio onde as pessoas podem vir beber um copo ao fim da tarde depois do trabalho, como em Londres”, continua. “E para um tipo de clientes diferente dos clientes da noite, até porque têm de acordar cedo para ir trabalhar.”
O bar abre portas às seis da tarde e em breve vai abrir ainda mais cedo, às cinco, para tardes de petiscos italianos e vinho, às segundas e quartas.
A ideia foi do italiano Massimiliano Trovarelli, outro dos sócios e companheiro de Rui durante 15 anos, que antigamente geria no mesmo espaço uma loja de gravuras antigas.
As gravuras passaram a ser vendidas online e o espaço tornou-se um bar “mais clean do que o habitual”, dizem eles. Não há quarto escuro como noutros bares das redondezas – embora a casa de banho seja sempre um “lugar divertido”, reconhece Max, como é conhecido – e no espaço em tons de cinzento sobressaem as cores da bandeira bear, também no logotipo do Shelter. “Somos os três bears mas não estagnámos o nosso mercado nos bears, recebemos toda a gente”, sublinha Rui.
“Homens e mulheres” são bem-vindos, embora, claro, os ursos estejam em maioria e mais facilmente conquistem troféus.
Aliás, na janela do bar há uma taça em exposição que o confirma: “Mad Bear Beach 2015.” O primeiro lugar no encontro de praia de bears, em Torremolinos, foi conseguido o ano passado por Pedro Vinagre, o terceiro dos ursos sócios, que antes de estar atrás do balcão trabalhava como “gestor de projecto de redes”.
Também é dele o título lisboeta de Mr. Bear em 2013 e 2015 e quiçá volte a consegui-lo.
Por enquanto, o objectivo do bar, com cervejas artesanais, gins e outros cocktails (bem servidos), tem sido atrair clientes de outras paragens, do Bairro Alto, por exemplo, para que não se perca o hábito de “correr capelinhas”, diz Pedro.