Filme, Cinema, Drama, Thriller, Elephant (2003)
©Cinemateca Portuguesa - Museu do CinemaElephant, de Gus Van Sant
©Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema

Queer Lisboa. 25 anos em cinco actos

Damos-lhe cinco sugestões a não perder no Cinema São Jorge e na Cinemateca, a partir desta sexta

Publicidade

De 17 a 25 de Setembro, o festival de cinema mais antigo de Lisboa está de volta ao Cinema São Jorge e à Cinemateca, numa edição especial, de comemoração do 25º aniversário – e nem o realizador Gus Van Sant quis perder a festa. A convite do BoCA Bienal e numa parceria também com o Dona Maria II, o cineasta e artista plástico cria o seu primeiro musical de palco, inspirado no universo criativo da Factory de Andy Warhol, em colaboração com músicos e performers nacionais. O realizador vai estar presente também na Cinemateca para uma conversa com o público depois da exibição de dois filmes escolhidos por si, Batman Dracula, de 1964, de Andy Warhol, e Andy Warhol: A Documentary Film, de Ric Burns, de 2006.

Recomendado: Gus Van Sant reconstrói o passado de um Warhol em início de carreira

Queer Lisboa. 25 anos em cinco actos

Retrospectiva Gus Van Sant com a presença do realizador

O Queer Lisboa faz um quarto de século com uma programação especial que inclui uma retrospectiva do realizador norte-americano Gus Van Sant – e que conta com a sua presença numa conversa com os espectadores na Cinemateca Portuguesa no dia 20 de Setembro, antes da exibição do seu filme My Own Private Idaho. O realizador estará também em Lisboa para a estreia de Andy, o seu primeiro musical num palco, inspirado no universo criativo da Factory de Andy Warhol, e resultado de uma parceria da BoCA Bienal com o Teatro Dona Maria II e de uma colaboração com músicos e performers nacionais. O espectáculo estreia-se a 23 de Setembro e prolonga-se até dia 3 de Outubro. Durante o festival, a Cinemateca, onde em 1995 Gus Van Sant apresentou uma sessão com as suas primeiras curtas, exibe uma retrospectiva de filmes seus como Mala Noche, Gerry ou Elephant, além de outros escolhidos por si, como Chelsea Girls, de Andy Warhol e Paul Morrissey.

Querelle

Na primeira edição do Queer Lisboa, em Setembro de 1997, Canção de Amor, de 1950, a única curta-metragem do escritor francês Jean Genet (censurada nos Estados Unidos pelo seu conteúdo homossexual explícito) foi um dos filmes exibidos. A sessão de abertura desta 25.ª edição presta homenagem precisamente a Jean Genet, com a exibição de Querelle (sexta, 17, às 21.00), filme de 1982 de Rainer Werner Fassbinder, que se baseia no romance de Genet Querelle de Brest. A história é a de um marinheiro que atraca no porto de Brest, num mundo de promiscuidade e criminalidade. Este foi o último filme de Fassbinder.

Publicidade

Queer Focus

Numa parceria com a ILGA Portugal (que atribuiu ao festival um prémio Arco-Íris por ocasião do seu 25.º aniversário), o Queer organiza um ciclo de filmes, seguidos de debates, com questões de importância histórica, política e cultural para a comunidade LGBT+. Entre eles estão, por exemplo, The City Was Ours. Radical Feminism in the Seventies, de Netty van Hoorn, sobre o femininismo na Holanda nos anos 70. É exibido a 22 de Setembro e inclui uma chamada de atenção para o caso português das “três Marias”, o julgamento das escritoras Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, com a publicação de Novas Cartas Portuguesas. No Queer Focus há ainda espaço para Raw! Uncut! Video!, de Ryan A. White e Alex Clausen (a 24 de Setembro), um documentário sobre a produtora de porno fetiche Palm Drive Video, e Todo a la Vez: la Mirada de Paco y Manolo, de Alberto Fuguet, sobre os fotógrafos espanhóis criadores da revista de Barcelona Kink (que também estarão presentes no dia 19 de Setembro para uma conversa). Do Brasil, chega Mães de Derick, documentário de Dê Kelm (presente numa conversa online a 24 de Setembro), sobre uma comunidade de quatro jovens que cria um filho numa cidade do litoral sul brasileiro.

Competição

Ao todo, serão 76 filmes de 26 países em exibição nesta edição do Queer Lisboa. A competição volta a estar recheada de longas-metragens, curtas-metragens e documentários, mas também conta com uma secção Queer Art (onde o cinema se cruza com as artes plásticas), e com a competição “In My Shorts”, de curtas realizadas por estudantes de uma escola de cinema europeia. Nas longas-metragens há oito filmes em competição. Por exemplo, Madalena, estreia do brasileiro Madiano Marchet sobre o desaparecimento de uma mulher trans. Ou The Scary of Sixty First, realizado e protagonizado por Dasha Nekrasova, vencedor do prémio Melhor Primeira Obra na Berlinale de 2021, inspirado no caso de Jeffrey Epstein. A dupla de realizadores Ary Rosa e Glenda Nicácio (Ilha, de 2018) regressa ao festival com Até o Fim, onde a iminência da morte de um progenitor suscita um reencontro de quatro irmãs.

Publicidade

Sessão de Encerramento

The Watermelon Woman, de Cheryl Dune, foi o escolhido para dizer “até para o ano!” ao festival, a 25 de Setembro. O filme de 1996 é, de acordo com o comunicado do festival, um “importante marco do New Queer Cinema e reconhecido enquanto um dos mais importantes filmes lésbicos, realizado por uma mulher negra”. Acompanha a própria Cheryl, que trabalha num clube de vídeo em Filadélfia, enquanto revela a identidade de uma actriz negra que nos créditos de um filme aparece como “The Watermelon Woman”. Na mesma noite, o duo de São Paulo Noporn sobe ao palco do Cinema São Jorge para um pocket show integrado na sua tour europeia que traz canções conhecidas do público do festival. Liana Padilha e Lucas Freire, os membros da dupla, fazem parte da banda sonora de Beira Mar e Tinta Bruta, filmes de Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, o último exibido no Queer em 2018 e que teve direito a uma menção honrosa do júri.

Cinema LGBT

  • Gay

Há cada vez mais e melhores conteúdos para o público LGBT+ nas plataformas de streaming. Desde novidades ainda frescas como It’s A Sin ou Veneno, ambas da HBO, a clássicos modernos como Transparent, uma das melhores produções originais da Amazon Prime Video, ou apenas episódios perfeitos para binge watching durante o confinamento – como os das 12 temporadas de RuPaul’s Drag Race, que podem ser vistos na Netflix. Escolhemos oito séries LGBT+ para ver ou rever.

  • Filmes

Nas últimas décadas, o preconceito parece ter-se esbatido. Não é que a posição da indústria em relação ao assunto seja unânime, mas há cada vez mais espaço para grandes histórias que, numa outra altura, teriam ficado arquivadas na gaveta. Ainda bem que assim o é, caso contrário, títulos como Felizes Juntos, de Wong Kar-Wai, Os Rapazes Não Choram, de Kimberly Pierce ou Moonlight, de Barry Jenkins nunca teriam chegado à tela. Na lista abaixo estão 13 filmes gays essenciais a qualquer cinéfilo, mas há sempre espaço para mais. Arranje tempo e não lhes tire os olhos de cima.

Recomendado
    Também poderá gostar
    Também poderá gostar
    Publicidade