Horta de Torrejais

Vagas de calor até à data? Uma, em Maio, e assim a puxar para o tímida. Lembra-se
do ano passado, quando os termómetros dispararam acima dos 40 oC? Pois bem, ainda
que tenhamos desesperado, ficámos longe da temperatura mais alta alguma vez registada no país: uns estóicos 47 oC que se fizeram sentir no concelho da Amareleja, em Moura, há mais de 15 anos. Moura é capaz disto e muito mais – e se ainda não teve o prazer de conhecer
a cidade raiana mais quente do país, a Horta de Torrejais é uma boa desculpa para se pôr
a caminho. Não é um só um turismo rural, é uma casa de campo, a casa que Catarina
e Luís abrem num gesto simpático a quem procura entregar o corpo e a alma ao silêncio que só o Alentejo interior pode oferecer. Mesmo à beira da ribeira de Torrejais, foi alvo de uma remodelação minuciosa que lhe valeu a atribuição do Prémio Municipal de Arquitectura pelo respeito pela traça original da região.
Descendo em direcção à piscina, que está bem escondida no meio de um jardim florido, o que se vê é uma típica casinha caiada, com portas de madeira verde e chaminé comprida.
Lá dentro, uma enorme e moderníssima sala de estar e jantar e três quartos com camas de ferro, mantas tradicionais e flores campestres. O que não se vê, e aí será preciso continuar
a seguir o curso de água, é a ala moderna, com fachada de pedra e dois quartos com terraço. O pequeno-almoço, à base de produtos locais e de confecção caseira, é disposto todas as manhãs na sala de estar sem hora marcada. Catarina e Luís conseguem estar a pé ainda antes de o sol nascer só para garantir que o pão que põem na mesa ainda vem a fumegar.
Da forma como sabemos que o calor ataca esta zona do país, aconselhamos que se deixe ficar à sombra nas horas mais críticas. Para isso basta caçar uma das mesas do jardim e aproveitar para pôr a leitura em dia. Se tiver interesse em visitar o olival da casa, com dez hectares e certificação biológica, basta pedir uma visita guiada.