E isso não tem mal nenhum: o charme da cidade reside precisamente na coragem de revelar descaradamente a sua história e de ser capaz de encobrir algumas pérolas nos sítios mais improváveis. O York House é exemplo disso. Escondido num antigo convento do século XVII, numa colina da Lapa virada para o Tejo, este pequeno hotel boutique está de portas abertas há mais de 100 anos. Onde outrora circulavam carmelitas, hoje passeiam turistas à procura de uma clausura moderada. A configuração actual é moderna, é um facto, mas este nunca será destino para grandes arraiais, antes um refúgio calminho para estar longe da animação, em paz e sossego, mas com acesso rápido ao centro. Logo à entrada, aliás, é provável que ache que está no sítio errado, tal a discrição do lobby e simpatia moderada do staff. Os 32 quartos ainda mantêm algo de monástico nas linhas austeras e peças de antiquário mas só em jeito de pequena homenagem à antiga actividade do edifício. Hoje, espere quartos espaçosos com grandes camas de dossel, cabeceiras feitas a partir de portas antigas, mobiliário moderno e tons claros que os tornam ainda mais soalheiros.
Quando achar que já está suficientemente convencido com o bom gosto do hotel, procure o pátio interior, um espaço arejado e romântico que serve de esplanada ao restaurante e sala de pequeno-almoço nos dias de Verão.