“24”, dos Red House Painters
“Aos 15 anos, julgava que aos 16 saberia tudo o que há para saber [...] e os 24 continuam a bater-me à porta, como um amigo que não queres ver”. Mark Kozelek tinha 24 anos quando escreveu esta meditação sobre a passagem do tempo, a tomada de consciência de se viajar no seu inexorável arco, as dores de crescimento e a forma como as experiências de infância moldam o adulto. “24”, um prodígio feito de ar quase imóvel e notas esparsas, abre o disco de estreia dos Red House Painters, Down Colorful Hill (1992, 4AD), que resultou de uma selecção dos 90 minutos de “demos” que Kozelek enviara ao patrão da 4AD, Ivo Watt-Russell, e que deixaram este tão fascinado que as editou assim mesmo, apenas procedendo a ligeiras remisturas. O registo é cru, amargo, melancólico e frontalmente autobiográfico, como nas restantes canções que Kozelek nos tem dado, como Red House Painters, Sun Kil Moon, em nome próprio ou nas colaborações com os Desertshore e Jimmy LaValle.