Johan Helmich Roman (1694-1758)
Roman foi o primeiro compositor de renome internacional a emergir na Suécia, o que explica o epíteto de “pai da música sueca” que lhe é conferido. O pai era músico da Capela Real e Roman também iniciou aí carreira, como violinista, em 1711, aos 17 anos. Em 1715 solicitou ao rei permissão para aperfeiçoar os seus estudos musicais e viveu durante seis anos em Londres, onde, à data, estavam activos mestres como Handel, Geminiani e Bononcini. Quando regressou foi nomeado vice-mestre de capela, ascendendo a mestre de capela em 1727.
Entre a muita música que Roman compôs para a corte sueca a mais ouvida nos nossos dias é a imponente e festiva suíte Drottningholmsmusique, que abrilhantou o casamento, em 1744, do duque sueco Adolf Fredrik com a princesa prussiana Lovisa Ulrika. Talvez Roman não se tivesse empenhado tanto se fosse capaz de adivinhar o que o esperava. Ambos os noivos eram melómanos (Lovisa tocava cravo e Adolf, violoncelo), mas Lovisa, que era parente de dois afamados déspotas (era irmã de Frederico o Grande da Prússia e prima de Catarina a Grande da Rússia) não só era adepta de uma governação autocrática e avessa a novidades como parlamentos, como tinha ideias muito próprias sobre música e entendia que a orquestra e a música na corte de Drottningholm eram antiquadas (estava acostumada à fervilhante vida musical na corte de Potsdam). Numa carta ao irmão, Lovisa queixou-se de que a corte possuía um mestre de capela surdo, um mestre de dança coxo e um pintor cego. No que a Roman diz respeito, Lovisa tinha alguma razão, pois este foi ensurdecendo progressivamente, a ponto de em 1745 se ter visto forçado a abandonar o cargo, decisão para que também terá contribuído o facto de Adolf ter estabelecido uma orquestra que rivalizava com a orquestra “oficial” dirigida por Roman.
[I andamento (Allegro) de Drottningholmsmusique, pelo Ensemble Barroco de Drottningholm (em instrumentos de época), dirigido por Nils-Erik Sparf]