Em 1961, o guitarrista Charlie Byrd fez parte de uma embaixada cultural que foi ao Brasil mostrar o jazz norte-americano e ficou fascinado com a bossa nova, um género então ainda com poucos anos de vida – Chega de Saudade, o álbum de estreia de João Gilberto, fora editado apenas dois anos antes.
De regresso aos EUA, mostrou os discos de bossa nova que comprara no Brasil ao saxofonista Stan Getz, que também ficou cativado e convenceu o produtor Creed Taylor, da Verve, a registar um disco. Taylor não se arrependeria da aposta, pois o disco, Jazz Samba, editado em 1962, trepou até ao primeiro lugar do top. Não era frequente que o jazz figurasse nos lugares cimeiros das vendas e logo vários outros jazzmen se apressaram a explorar o filão, por iniciativa própria ou empurrados pelas editoras. Oportunismos à parte, a verdade é que o jazz – e em particular o jazz mais cool – e a bossa nova tinham afinidades e o seu conúbio gerou frutos deliciosos.
A partir de meados da década, o interesse do público declinou e o jazz tomou outro rumo. Em décadas mais recentes o namoro entre jazz e bossa nova seria retomado, mas agora na área do jazz vocal, embora com menos felicidade: o “jazz samba” cultivado pelas cantoras de hoje não passa de um smooth jazz com discretos condimentos tropicais.