Muzio Clementi (1752-1832)
Clementi nasceu em Roma e aí recebeu, do mestre de capela da Basílica de S. Pedro, a primeira instrução musical. Em 1766, quando tinha 14 anos, o aristocrata britânico Peter Beckford (irmão de William Beckford) ouviu-o e, encantado com a precocidade do rapaz, levou-o consigo para a Grã-Bretanha, comprometendo-se a tratar da sua educação até aos 21 anos; em troca, Clementi deveria proporcionar-lhe entretenimento musical. Em 1773, chegado ao término o vínculo que o unia a Beckford, Clementi instalou-se em Londres, onde rapidamente ganhou estatuto de pianista virtuoso. A partir de 1780 empreendeu várias tournées europeias – em Viena, o imperador José II promoveu um “duelo” entre ele e Mozart – mas acabou por regressar a Londres onde se desmultiplicou pela composição, pedagogia (foi professor de futuros virtuosos como Johann Baptist Cramer, John Field e Ignaz Moscheles), pela direcção de orquestra, pela edição musical (firmou um acordo com Beethoven que que lhe concedeu direito exclusivo de publicação da sua obra na Grã-Bretanha) e pelo fabrico de pianos, instrumento a que trouxe melhoramentos significativos. No meio de toda esta actividade, a sua carreira como concertista foi ficando para segundo plano e em 1810 acabou por retirar-se dos palcos. Deixou-nos 110 sonatas para piano.
[I andamento (Lento) da Sonata op.6 n.º 2, por Susan Alexander-Max, numa cópia de um pianoforte construído c. 1798, do álbum Early Piano Sonatas vol. 3 (Naxos)]