Que relação tinha Jesus com a sua mãe? Hoje, alimentados por alguns séculos de representações artísticas, elucubrações teológicas e outras ficções, podemos ser levados a pensar que eram muito próximos, mas a verdade é que as Sagradas Escrituras são quase completamente omissas sobre o assunto. Se a religião cristã nascera com forte pendor misógino, o século IV assistira à tentativa de “inclusão” das mulheres através da figura da “mãe misericordiosa” (mater misericordia), que ganharia mais consistência na Idade Média com o estabelecimento de um paralelismo entre o sofrimento de Maria perante a cruz e a gratidão e veneração do crente perante o sacrifício de Jesus, associação que atribuiu a Maria o papel de co-redentora dos pecados da humanidade.
Esta visão é consubstanciada no hino católico Stabat Mater, datado do século XIII e atribuído ao frade franciscano Jacopone da Todi (ou ao papa Inocêncio II), representando Maria devastada pela dor ao contemplar a crucifixão do filho e apelando ao crente para se comover perante esta lancinante cena.
Muitos compositores musicaram o Stabat Mater, apesar de ele pôr alguns desafios, o maior dos quais é sustentar o interesse musical da obra e evitar a monotonia, quando o texto é uma imagem estática de dor, angústia e desolação, com excepção do final, em que o crente fortalecido pelo sacrifício de Cristo e respaldado na intercessão da Virgem, exprime o desejo de que “a minha alma alcance a glória do Paraíso”.
Nota: os diferentes compositores agruparam de diferentes formas os 20 versículos do hino, pelo que os números atribuídos aos andamentos não coincidem necessariamente entre os vários Stabat Mater.
O Stabat Mater de Dvorák em Lisboa
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