“A música é como as obras de arte”

Do palco do The Voice para os palcos nacionais, Luís Trigacheiro traz o cante alentejano sempre consigo e torna-se banda sonora de muitos portugueses. A propósito do seu segundo álbum, Ela, estivemos em Conversa Afinada com o cantor.
Luís Trigacheiro - Conversa Afinada MEO
D.R.
Time Out em associação com MEO
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Tens alguma memória de infância de que, neste percurso musical, te vás relembrando?

Acho que o cante alentejano está sempre presente, porque é a primeira coisa que vem de miúdo, é a primeira informação musical.

Quando é que soubeste que era a cantar que querias viver?

Foi um bocadinho mais adulto. Eu fazia isto como um hobby, e de repente um amigo meu inscreveu-me num programa televisivo [The Voice]. A partir daí, a minha vida começou a escalar. Acho que todos temos uma fase em que não sabemos bem o que fazemos ou o que queremos fazer, e depois as coisas encarregam-se de dar uma resposta.

Tu viraste quatro cadeiras, ficaste na equipa do Zambujo, e depois foste salvo pela Marisa Liz. Qual destes momentos é que sentes que mudou a tua vida? 

Acho que foi o facto de virar as quatro cadeiras. A minha prova cega foi muito impactante e foi decisiva no resto do percurso. Porque criou uma expectativa grande nas pessoas. Se essa prova cega, esse tema, tem vindo mais à frente, não sei se o percurso tinha sido igual.

Tens o cante alentejano em ti... 

Tenho, e está muito enraizado. Mesmo que cante outros temas que não tenham nada a ver, vão ter sempre algumas nuances de cante alentejano. E isso nota-se.

Neste teu novo álbum ao cante alentejano juntas o fado, o jazz... Como é que chegamos a este resultado final?

Eu sou apenas a pessoa que dá voz aos temas, essa parte toda surge das canções, do que é que as canções nos pedem, e da produção. Eu tenho de me adaptar e a minha interpretação tem de falar mais alto. Não sou eu que escolho, é o que as canções nos pedem.

Tens músicas também com Salvador Sobral, IRMA, Milhanas... És tu que os procuras?

A Milhanas fui eu que procurei, que falei com ela. O Salvador e a IRMA surgem por culpa da Luísa [Sobral]. Porque estávamos em estúdio e achamos “este tema tem um andamento mais afro, a IRMA tem este balanço”, e falou com ela. O Salvador também.

Para quem não conhece o álbum, qual é a música que não podem deixar de ouvir?
Essa é a pergunta mais difícil. Eu gosto de todas! Acho que não podem deixar de ouvir o “Imagina a Cara Dela”, porque também tem um bocado de impacto no nome do disco; o “Desfocada” e talvez o “Rosa Pequenina”, acho que é um bocado por aí.

Qual é que é o teu caminho agora? 

Não sei, ainda estou a construí-lo. Acho que é uma resposta que se calhar te vou dar numa entrevista daqui a 40 anos.

Há alguma música que, se pudesses voltar atrás, não terias gravado? 

Não. Não me arrependo de nenhuma.

Achas que uma música, quando começa a ser cantada, deixa de ser só nossa?

Há sempre uma parte que é só nossa. A música é como as obras de arte, em que tu no mesmo quadro podes ter análises diferentes. Claro que no abstrato isto se torna mais fácil, mas há sempre uma parte da música que as pessoas desconhecem, ou que não interpretam. que só tu é que sabes.

O Luís da infância sonhou mais ou menos com aquilo que já alcançaste?

Sonhou muito menos. Agora acho que sonho muito mais.

Qual é a lição mais importante que todas as pessoas deveriam saber?

A vida é muita curta. É mesmo para aproveitar.

Luís Trigacheiro - Conversa Afinada MEO

Quem é o artista português que toda a gente deveria conhecer?

Vou dar os Napa, acho que é fixe.

Qual é o teu guilty pleasure musical? Aquela música inusitada, mas que inesperadamente faz parte da playlist?

Actualmente? Ou de sempre? Tenho-me divertido muito a ouvir Napa.

Vinil, cd, cassete ou streaming?

Vinil.

Playback: obrigatório, proibido, ou quando necessário? 

Quando necessário mas espero que não seja necessário.

Se pudesses fazer um dueto com alguém, do presente ou do passado, quem seria

Frank Sinatra.

Quem é que gostavas que te tivesse como waiting ring?

Alguém com quem eu não falasse muito, para não me estar sempre a ouvir.

Se tivesses de escolher um waiting ring para o resto da vida seria... 

Há um do Ricardo Araújo Pereira, em que ele diz “vai atender 1, vai atender 2” e aquilo nunca dá em nada. Aquilo é tão chato, mas funciona bem.

Qual é a sensação de saber que há pessoas que têm a tua música quando ligam? 

É giro, nunca tinha pensado nisso. Apanhaste-me assim de surpresa.

Como é que podemos ter o teu waiting ring? 

Basta ligar para o 12551 ou activar no link, aqui!

 

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