Theresa May, primeira-ministra do Reino Unido
A lista de favoritos revelada por May inclui “Walk Like a Man”, de Frankie Valli & The Four Seasons, “Dancing Queen”, dos ABBA; a ária da Rainha da Noite de A Flauta Mágica, de Mozart; o Rondo da música de cena de Purcell para a peça Abdelazer; e o Concerto para violoncelo de Elgar.
Se fosse Margaret Thatcher a escolher “Walk Like a Man”, de Frankie Valli & The Four Seasons, seria compreensível. Mas enquanto Thatcher nasceu em 1925, Theresa May nasceu em 1956, pelo que tinha sete anos quando esta melosa cançoneta andou pelos tops. Talvez a escolha revele saudades pelo ano de 1963, quando a Grã-Bretanha era homogeneamente branca, ainda estavam por chegar os condutores de autocarros paquistaneses, as upper classes podiam fazer caçadas à raposa sem serem importunadas, as relações homossexuais entre consenting adults eram crime, os jardins das moradias de tijolo estavam esmeradamente cuidados, as televisões não passavam filmes indecorosos e tudo era medido em jardas, furlongs e hundredweights (mas, desgraçadamente, já tinha sido levantada, três anos antes, a interdição à publicação de O Amante de Lady Chatterley, sinal ominoso da dissolução dos costumes que aí vinha).
[“Walk Like a Man”, de Frankie Valli & The Four Seasons]
As referências à tradição erudita britânica – Purcell e Elgar – soam a vénia patriótica, e quanto à ária da Rainha da Noite, espera-se que não seja o modelo a nortear o Brexit, senão este será não só hard como não se fará sem gerar hard feelings do lado de quem fica e de quem sai da UE.
[“Der Hölle Rache”, a célebre ária da Rainha da Noite, de A Flauta Mágica. Diana Damrau é a Rainha da Noite nesta versão de 2003 com a Orquestra da Royal Opera House de Londres dirigida por Colin Davis; encenação de David McVicar]