Apesar de o engenho humano ter criado instrumentos musicais muito diversos, o repertório concertístico vive sob a hegemonia do violino e do piano, ficando violoncelos, flautas, oboés, clarinetes, fagotes, trompetes, trompas e guitarras com papel secundário e quase todos os outros instrumentos na sombra. Em boa hora o francês Benjamin Attahir (n. 1989) escolheu dar a ribalta ao serpentão, um olvidado instrumento de sopro de registo grave (próximo da tuba), para o qual compôs o concerto Abh Dhohr, que faz parte de um ciclo de obras inspirado na salah, as cinco orações que pontuam o dia muçulmano (o seu título provém da oração do meio-dia).
Abh Dhohr terá nesta ocasião a sua estreia nacional, com Patrick Wibart como solista, neste que é o terceiro e último concerto da residência de Attahir na Fundação Gulbenkian. O programa inclui o poema sinfónico Don Juan, de Richard Strauss, e o Concerto para piano n.o 1, de Brahms, em que será solista Javier Perianes, pianista que tem vindo a construir na Harmonia Mundi uma impressionante discografia com obras de Beethoven, Debussy, Falla, Grieg, Mompou e Schubert. A Orquestra Gulbenkian terá direcção de Hannu Lintu (na foto).