Quando a Sinfonia n.o 9 de Beethoven estreou em Viena, em Maio de 1824, um século depois da primeira apresentação em Leipzig da BWV 80, muito tinha mudado na relação do homem com o divino. A música sacra deixaradeteropapelcentral que ocupava no tempo de Bach e o grosso da produção dos principais compositores era de natureza profana. A Sinfonia n.o 9 não só inovou ao introduzir uma componente vocal num género que até aí fora estritamente instrumental, como a escolha de texto é significativa: a Ode an die Freude (“Hino à Alegria”), escrita por Schiller em 1785, não rejeita Deus – afinal, é ele a fonte da alegria que inflama o coração dos homens –, mas desloca a ênfase para os homens e declara-os todos iguais.
A interpretação será de Keri Fuge (soprano), Marianne Beate Kielland (mezzo-soprano), Valerio Contaldo (tenor), Taras Berezhansky (baixo) e do Coro & Orquestra Gulbenkian, com direcção de Leonardo García Alarcón, reputado especialista em música antiga.