O Triplo Concerto de Beethoven não será dos mais apropriados a solistas com egos muito dilatados: não só têm de partilhar a ribalta com mais dois solistas como a relação entre eles é mais de cooperação do que de despique, pelo que é recomendável que os solistas tenham experiência alargada como intérpretes de música de câmara. Como se isto não bastasse, a orquestra não se limita a proporcionar um pano de fundo para a exibição dos solistas e é também um interveniente activo – a ponto de haver quem considere o Triplo Concerto como uma “sinfonia concertante”.
Beethoven não distribuiu por igual o trabalho entre os solistas, o que indicia que os intérpretes para quem concebeu a obra teriam diferentes níveis de aptidão. A parte mais elaborada destina-se ao violoncelo, que neste concerto no CCB caberá ao bielo-russo Kyril Zlotnikov, que nasceu em Minsk e completou os estudos em Israel. Aí estabeleceu as conexões e amizades que o levaram a ser co-fundador do Jerusalem String Quartet, que tem vindo a gravar regularmente para a Harmonia Mundi desde 2002 e faz parte da elite dos quartetos de corda mundiais.
[Triplo Concerto por Daniel Barenboim (piano e direcção), Itzhak Perlman (violino), Yo Yo Ma (violoncelo) e Orquestra Filarmónica de Berlim]
Neste concerto de música clássica, o violino solista será confiado a Pedro Meireles, que já passou pela Royal Philharmonic Orchestra e pela New London Orchestra e agora é 2.º concertino na Orquestra Gulbenkian. A parte menos exigente tecnicamente – mas nem por isso menos importante ou expressiva – cabe ao piano, que estará a cargo de António Rosado, cuja carreira internacional de concertista se iniciou em 1980 com a Orquestra Nacional de Toulouse dirigida por Michel Plasson e recebeu da República Francesa o título de Chevalier des Arts et des Lettres.
[II andamento (Largo) do Triplo Concerto por André Previn (piano e direcção), Anne-Sophie Mutter (violino), Lynn Harrell (violoncelo) e Orquestra Filarmónica de Londres, com direcção de Kurt Masur]
A Orquestra Sinfónica Portuguesa será conduzida pelo maestro búlgaro Emil Tabakov neste concerto no CCB, que esteve à frente das Filarmónicas de Belgrado e Sofia e dirige, desde 2014, a Sinfónica da Rádio Nacional Búlgara. É também um prolífico compositor e em 1997 foi Ministro da Cultura da Bulgária – é invulgar ver um maestro como máximo responsável governamental pela cultura, embora tal profissão ofereça duas inegáveis vantagens para o exercício do cargo: por um lado é alguém que está habituado a liderar equipas, por outro, não cometerá o deslize de gabar os concertos para violino de Chopin.
CCB, domingo 20, 17.00, 5-20€