“Não nos está reservado/ Um refúgio onde repousar/ Vacilam e perecem/ Os pobres mortais sofredores/ Cegamente, como o momento/ Sucede ao momento/ Como água que, de montanha/ Em montanha é impelida/ Destinada a perder- se no desconhecido”. Assim termina a Canção do Destino de Friedrich Hölderlin, mas Brahms, embora apreciasse a beleza do poema, não se identificava com o seu pendor fatalista e a sua ausência de esperança e consolo, pelo que encarregou a música do seu op.54 de transmitir um sentido contrário ao das palavras do poeta. A obra, uma das mais importantes da produção coral-sinfónica de Brahms, estreou em 1871.
Embora não seja cantada, a Sinfonia n.o 1, de Mahler também se inspira numa obra de um escritor maior do Romantismo alemão, o romance Titan, de Jean Paul (pseudónimo de Johann Paul Friedrich Richter). A sinfonia teve génese complexa e foi sujeita a sucessivas revisões entre a estreia, em 1889, e a publicação na forma definitiva, em 1898.
A interpretação destas duas obras-primas do Romantismo germânico está a cargo do Coro & Orquestra Gulbenkian, com direcção de Lorenzo Viotti.