Nunca os jovens ocidentais estiveram tão fascinados pela cultura pop japonesa como hoje, mas o interesse concentra-se no manga, no anime, nos jogo de computador, no cosplay, no karaoke e na ParaPara Dance, e a música pop made in Japan é quase invisível, se exceptuarmos a que está associada a bandas sonoras de anime populares, e que tende a ser plastificada e estridente.
A verdade é que a pop japonesa parece satisfeita com o mercado interno – 127 milhões de habitantes, com elevado poder de compra – e portanto é cantada (salvo raras excepções) em japonês e os websites das bandas e das editoras oferecem informação apenas em japonês. O uso do japonês tem outra consequência: a fonética é tão diferente da inglesa que nem sempre casa bem com as linhas melódicas típicas do pop-rock anglo-saxónico e o carácter staccato e áspero do japonês soa desagradável à maioria dos ouvidos ocidentais. Nem na pop mainstream nem na pop indie (por vezes designada como J-indie) subsistem hoje marcas evidentes das tradições japonesas: a maioria das bandas limitou-se a assimilar o modelo anglo-saxónico e a reproduzi-lo na perfeição. Há porém vários aspectos extra-musicais em que a J-indie difere da indie pop ocidental.
Uma das mais óbvias é a participação feminina: na Europa ou nos EUA, a dominância masculina é esmagadora, apesar de tanta medida e discurso em favor da paridade de género; e não só são poucas, como surgem quase sempre o papel de cantora (mais raramente como teclistas). No Japão também há predominância masculina, mas as raparigas surgem frequentemente como guitarristas, baixistas e bateristas, apesar de o Japão ter tido uma tradição de menorização do papel da mulher ainda mais sufocante do que o Ocidente e que durou até mais tarde – talvez os sociólogos e antropólogos tenham explicação para o paradoxo. Outro aspecto evidente na indie pop japonesa é a invulgar quantidade de bandas formadas por adolescentes dotados de mestria técnica e maturidade no songwriting e nos arranjos, quando a maior parte da miudagem ocidental está, com essa idade, ainda na fase do punk rupestre.
Uma vez que as canções e discos só costumam ter títulos em japonês, quando, abaixo, se mencionam os seus nomes usa-se uma tradução inglesa aproximativa (e que poderá variar segundo as fontes consultadas). Muitos dos discos indicados são mini-álbuns (meia dúzia de canções, meia hora de duração) um formato pouco corrente no Ocidente, mas popular entre as bandas de J-indie. As discografias dos grupos não são extensivas.
+ Está aí a festa do Japão