Uma vez que o evento se apresenta como “Late Night Concert: Concerto do Solstício” e tem lugar a hora mais tardia do que o usual, seria de esperar um programa alusivo ao solstício de Verão ou à noite mais curta do ano, ou à noite, tout court, mas não: o que a Orquestra Metropolitana de Lisboa, com direcção de Pedro Amaral, propõem são duas obras sem relação com estes temas e sem relação entre si: a Sinfonia n.o 9 op.96 (1893), de Dvorák, e a Rhapsody in Blue (1924), de Gershwin. A não ser que se considere o nexo “América”, pois a Sinfonia n.o 9 foi composta na estadia americana do compositor checo – daí ter por título “Do Novo Mundo” – e George Gershwin é americano.
A Rhapsody in Blue foi encomendada pelo maestro Paul Whiteman, cuja Concert Band praticava um jazz de contornos amaciados e com escassa componente improvisativa. Foi a primeira obra “erudita” de Gershwin e, uma vez que este não tinha conhecimentos de orquestração, tal tarefa foi levada a cabo por Ferde Groffé. Na estreia, foi o próprio Gershwin que se ocupou do piano, nesta ocasião o solista será alguém que tem larga experiência como jazzman e como compositor “erudito”: Mário Laginha.