Na juventude, antes de ter sido atraído pela ópera, Richard Strauss concentrou a maior parte da sua criatividade na escrita de poemas sinfónicos. No início de 1886, uma visita a Itália inspirou-lhe Aus Italien e, nesse mesmo ano, começou a trabalhar em Macbeth, inspirado na peça homónima de Shakespeare. Terminou-o em 1888, mas acabou por revê-lo antes da estreia, no ano seguinte, pois o final resultara demasiado luminoso para a personagem. Sessenta anos depois, aos 84 anos, Strauss compôs, no seu exílio na Suíça, uma obra crepuscular, que espelha o seu estado de espírito perante o fim da vida e do mundo que conhecera, triturado no vórtice da II Guerra Mundial: as Quatro Últimas Canções (Vier Letzte Lieder), a derradeira obra que terminou.
A cantar estas canções assombradas por premonições de morte estará a mais internacional das sopranos portuguesas, Elisabete Matos, que será acompanhada pela Orquestra Metropolitana de Lisboa, com direcção de Kristjan Järvi (filho do maestro estónio Neeme Järvi). O programa completa-se com uma obra contemporânea de Macbeth: a Sinfonia n.º 8 de Dvorák, estreada em Praga em 1890.