Elza Soares
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Guia prático para o Vodafone Mexefest

O Vodafone Mexefest volta a mexer com a Avenida da Liberdade e zonas circundantes entre sexta-feira e sábado. Saiba que concertos vamos ver e por onde vamos andar durante o festival

Luís Filipe Rodrigues
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São poucos os festivais que mexem com Lisboa da mesma maneira que o Vodafone Mexefest. Entre sexta-feira e sábado, dezenas de grupos e artistas, desde novatos como os Sunflower Bean a veteranos como Elza Soares, vão animar as principais salas de concertos da Avenida da Liberdade e arredores. Os concertos sucedem-se em simultâneo, por isso é preciso fazer escolhas ao longo de todo o festival. Estas são as nossas.

Filipe Sambado e Os Acompanhantes de Luxo

19.40 – Palácio Foz
É a melhor maneira de começar a noite. Filipe Sambado já tinha um par de EPs a solo no currículo, além dos discos de Cochaise e Chibazqui, mas Vida Salgada sabe a estreia. É o primeiro álbum e o melhor conjunto de canções a que emprestou o nome, um inspirado ramalhete de canções pop sonhadoras, urgentes e melancólicas. Toca com Os Acompanhantes de Luxo, de seus nomes Manuel Lourenço (Primeira Dama), Alexandre Rendeiro (Alek Rein), Adriano Fernandes (C de Croché) e Luís Barros.

Jantar

20.30 – Pizzas Baldracca
As melhores pizzas da Avenida da Liberdade comem-se no Cinema São Jorge. E não é de agora. Desde que os donos da Cantina Baldracca começaram a explorar o restaurante do primeiro andar do cinema, há uns anos, que servem estas pizzas com massa fina, boas combinações de ingredientes e o melhor cinema italiano como inspiração.
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Talib Kweli

21.45 – Capitólio
O rapper nova-iorquino Talib Kweli comanda respeito desde os anos 90 – o clássico Mos Def & Talib Kweli Are Black Star saiu em 1998. Apesar de não ser uma estrela global nem vender milhões discos, tem o respeito dos seus pares, graças à uma lírica consciente e técnica prodigiosa. Como ele disse um dia, evocando Jay-Z: “If lyrics sold, then truth be told / I’d probably be just as rich and famous as Jay-Z”.

Dinamite

22.40 – Teatro Tivoli BBVA
Não dá para a apanhar todo o concerto, mas é possível ouvir algumas músicas entre o final de Talib Kweli e o início de Sunflower Bean. E vale a pena não deixar passar a oportunidade de ouvir pelo menos parte desta homenagem a Dina pelas mãos e vozes de músicos como Ana Bacalhau, B Fachada, Best Youth, Da Chick, D’Alva, Márcia, Mitó e Tochapestana.

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Sunflower Bean

23.20 – Estação Ferroviária do Rossio
Podem ser uma das surpresas do festival. Human Ceremony, o álbum de estreia dos nova-iorquinos, é um bom disco de guitarras, que tão depressa remete para o indie pop de The Sundays como deixa transparecer a influência fundadora dos Sonic Youth. E pensar que, quando lançaram o primeiro EP, Show Me Your Seven Secrets (2015), eram só mais um bando de revivalistas psicadélicos sob a influência dos Tame Impala – até tinham uma canção com o nome dos australianos e tudo.

Jagwar Ma

00.25 – Coliseu dos Recreios
Os australianos Jagwar Ma curvam-se perante o altar dos Primal Scream. Não é por acaso que o segundo e recente disco dos australianos, Every Now & Then, foi gravado no estúdio do Andrew Weatherall, o produtor do clássico Screamadelica (1991). E é precisamente para o dance-rock ácido sob o efeito de substâncias psicadélicas desse disco (mais uns quantos clássicos de Madchester) que a música dos Jagwar Ma nos remete.

Meg Baird

19.30 – Sociedade de Geografia de Lisboa
É sempre um prazer ouvir Meg Baird. Seja a solo ou nos projectos em que se desdobrou ao longo dos anos, das Espers aos Heron Oblivion, passando por The Baird Sisters ou Waters Love. Traz a Lisboa as canções folk do álbum Don’t Weigh Down the Light, editado no ano passado pela Wichita.

Gambrinus

20.20 – Gambrinus
É um clássico de Lisboa. E uma refeição rápida ao balcão não pesa muito na carteira mas enche o coração. Começa-se pelas torradinhas e as amêndoas tostadas, depois dá-se conta de um prego (clássico, um dos melhores de Lisboa), com uma ou duas imperiais mistas a acompanhar. E é obrigatório terminar a refeição com um café de balão.

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Kevin Morby

21.10 – Estação Ferroviária do Rossio
Quem esteve há uns meses no Vodafone Paredes de Coura já conhece este nome. Kevin Morby começou a dar nas vistas no virar da década, em Brooklyn, ao lado dos Woods e de Cassie Ramone, mas assim que se instalou em Los Angeles, em 2013, começou a impor-se a solo. Regressa a Portugal munido, mais uma vez, das canções de amor e morte do álbum Singing Saw. Folk intemporal e sem pressas, sob a influência dos discos certos de Bob Dylan.

Elza Soares

22.10 – Coliseu dos Recreios
Ela é um tesouro brasileiro. Ao fim de quase oito décadas nesta Terra, a sambista não precisava de fazer mais nada para reservar o seu lugar na história da música brasileira, mas inesperadamente, no ano passado, lançou uma obra-prima chamada A Mulher do Fim do Mundo, disco de samba sujo e fracturado pelo noise, o rock e a electrónica, entre a autobiografia e a crítica social. Só este concerto já justifica os 45€ do bilhete.

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Digable Planets

23.30 – Cinema São Jorge
Com actividade intermitente desde 1992, os nova-iorquinos Digable Planets são um nome histórico do rap alternativo. A sua discografia resume-se a dois álbuns de originais, Reachin' (A New Refutation of Time and Space) e Blowout Comb, editados originalmente entre 1993 e 94, mais a compilação Beyond the Spectrum: the Creamy Spy Chronicles, de 2005.

Branko

00.30 – Coliseu dos Recreios
Produtor e compositor de uma música de dança electrónica e globalizada, João Barbosa, mais conhecido como Branko, foi um dos dínamos criativos dos Buraka Som Sistema (e da editora Enchufada), além de ter uma carreira a solo cada vez mais pertinente. Encerra o Vodafone Mexefest, munido das canções de Atlas, lançado no ano passado.

E se vai ao Vodafone Mexefest 2016...

Avenida da Liberdade é sinónimo de compras de luxo e, durante alguns dias, também equivale a boa música, mas quando a fome aperta, a rua mais cara da cidade também tem restaurantes para todos os gostos (e carteiras). Bom apetite.
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