Yulianna Avdeeva
©DRYulianna Avdeeva

Mendelssohn e Ravel

  • Música, Clássica e ópera
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A Time Out diz

Há quem justifique o desinteresse pela música clássica alegando que os bilhetes para os concertos estão fora do alcance do cidadão comum. É uma desculpa esfarrapada: não só 
há muitos concertos gratuitos como é possível escutar pianistas ou violinistas de alto nível pelo mesmo preço que se paga para ver uma obscura banda de surf rock eslovena a actuar num bar. É o que acontece este domingo na Gulbenkian, em que, por apenas 10 euros pode ver e ouvir a violinista Carolin Widmann
e a pianista Yulianna Avdeeva, acompanhadas pela Orquestra Gulbenkian, com direcção de Tianyi Lu, no Concerto para violino op.64, de Mendelssohn,
 e no Concerto para piano em sol maior, de Ravel.

Yulianna Avdeeva (n.1985, Moscovo) venceu o Concurso Chopin de 2010, gravou os concertos de Chopin com o maestro Frans Brüggen e tem editados pela Mirare três discos com obras de Bach, Chopin, Liszt, Mozart, Prokofiev e Schubert.

Dá ideia do estatuto de Carolin Widmann (n.1976, Munique) o facto de ter tocado com maestros como Chailly, Norrington, Rattle ou Salonen, de ter colaborado com compositores como Boulez, Eötvös, Rihm ou Sciarrino e de tocar num precioso violino construído em 1782 por Giovanni Battista Guadagnini. Tem dedicado especial atenção à música do nosso tempo, gravando para a ECM e BIS obras de Dusapin, Feldman, Schoenberg, Tüür, Xenakis e Zimmermann, mas não tem descurado o século XIX, como atestam os discos com obras de Mendelssohn, Schubert e Schumann na ECM.

Entre as gravações de Widmann está a do Concerto para violino op.64, de Mendelssohn, que foi estreado em 1845,
em Leipzig, pelo violinista Ferdinand David (que deu preciosos conselhos técnicos ao compositor sobre a parte solista) e pela Orquestra da Gewandhaus, sob a direcção de Niels Gade. Joseph Joachim, que foi um dos gigantes do violino do século
XIX – e foi discípulo de Ferdinand David – considerava que dos “quatro grandes” concertos para violino – de Beethoven, Brahms, Bruch e Mendelssohn – o “mais íntimo, a jóia do coração, é o de Mendelssohn”.

Em contraste, o Concerto
para piano em sol maior de
Ravel é uma obra extrovertida e faíscante, composta em 1929-31, sob a influência da linguagem
do jazz, que então começava
a ter divulgação na Europa.
A obra, que Ravel esteve para denominar não de “concerto” mas de “divertimento”, roça,
por vezes, a frivolidade, mas acaba sempre por ser redimida pela sua vitalidade e colorido. O programa completa-se com uma das mais inspiradas obras de Mendelssohn: a Abertura Sonho de uma Noite de Verão op.21, composta quando tinha apenas 17 anos.

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