AuRora – Gisela, João, Universal
Numa longa entrevista à Time Out a propósito de AuRora, Gisela João defendia que “em nada é menos alguém ser só intérprete. Um intérprete prova que a arte pode viver no tempo: posso pegar numa coisa mais velha que eu e fazer com que ela faça sentido nos dias de hoje.” É uma ideia bonita sublinhada por uma intérprete excepcional. Dá-se o caso, no entanto, de Gisela se estrear aqui a cantar as suas próprias palavras e composições, e a dar até uma mãozinha na produção, apoiada num grupo de gente improvável. O produtor foi o norte-americano Michael League, dos Snarky Puppy, a banda onde milita também Justin Staton, companheiro de Gisela e outro dos participantes neste projecto que arrisca pontes entre fado e música electrónica. E arrisca bem. Por tudo isso, reconhece ela, este seu terceiro álbum em nome próprio – depois de Gisela João (2013) e Nua (2016) – talvez seja o primeiro plenamente livre e totalmente seu. É um dos discos do ano para a Time Out.