O ciclo começou na semana passada como ensemble Zefiro a tocar os Concertos Brandeburgueses de Bach e regressa esta semana ao Kantor de Leipzig. A Cantata do Café nada tem a ve r com a sua vasta produção de cantatas sacras e é, na verdade, uma mini-ópera cómica, que põe em confronto uma rapariga viciada numa “droga”, o café, que, na altura em que a obra foi composta (c.1732-35) fazia furor na Europa, e o pai, que tenta (em vão) arrancar a filha “às garras da toxicodependência”. A obra é apresentada em contexto de “concerto para famílias” e tem interpretação de Lucia Ribeiro (soprano), Miguel Reis (tenor), André Henriques (baixo) e Divino Sospiro, com direcção de Massimo Mazzeo e comentário de João Reis.
Os trios com pianoforte de Beethoven e Haydn serão o assunto do concerto de Giulio Plotino (violino), Christophe Coin (violoncelo) e Pierre Goy (pianoforte). Haydn foi o mais prolífico compositor de trios com pianoforte, tendo produzido um total de 45, fazendo os seis compostos por Beethoven parecerem sinal de preguiça ou falta de inspiração. O programa junta a estes dois nomes canónicos o obscuro Giovanni Battista Viotti (1755- 1824), um dos muitos mestres italianos do violino que fez carreira em Paris e Londres.
Beethoven e Haydn regressam no dia seguinte, agora na companhia de outro nome pouco ouvido, Fanny Mendelssohn, para um programa de quartetos de cordas a cargo do Chiaroscuro Quartet, com Alina Ibragimova e Pablo Hernán Benedí (violinos), Emilie Hörnlund (viola) e Claire Thirion (violoncelo). Da copiosa produção de quartetos de Haydn – 68 – será ouvido o op.33 n.º 2, conhecido como “A Piada”, em razão do rumo pouco ortodoxo tomado nos derradeiros compassos do último andamento. Dos 16 quartetos de Beethoven ouvir-se-á uma das obras-primas compostas no fim da vida: o n.º 13 op.130. As 460 peças compostas por Fanny Mendelssohn, irmã do bem mais famoso Felix, raramente são programadas ou gravadas, pelo que se saúda a aparição do seu quarteto em mi bemol maior. O Chiaroscuro Quartet tem gravado Beethoven, Haydn, Mendelssohn, Mozart e Schubert para as editoras Aparté e BIS.
Beethoven e Mozart são o assunto do último concerto desta semana, pelo Fortepiano Consort, com Stefano Barneschi (violino), Elzbieta Stonoga (viola), Marco Testori (violoncelo) e Costantino Mastroprimiano (pianoforte). De Beethoven ouvir-se-á o Quarteto op.16a, que nasceu como quinteto para piano e sopros em 1796 e foi convertido em quarteto para piano e cordas em 1810, bem como uma das Bagatelas op.33, para piano solo; também a piano solo se destina a Sonatensatz K.312 de Mozart.
Os concertos das Noites de Queluz seguem os princípios da “interpretação historicamente informada”, o que está em sintonia com o palácio onde decorre o ciclo, cuja construção foi iniciada em 1747 .