Sergei Prokofiev (1891-1953)
Prokofiev tinha reputação bem firmada como compositor vanguardista e uma carreira de sucesso no Ocidente (deixara a Rússia depois da Revolução de 1917) quando foi aliciado a providenciar a banda sonora para O Tenente Kijé (1934), uma inócua comédia soviética tendo por cenário a corte do czar Paulo I. Esta obra marca um recuo em relação à linguagem relativamente “vanguardista” do compositor e é possível que Prokofiev tenha aceitado a encomenda no âmbito da “negociação” com as autoridades soviéticas para o regresso ao país natal – que se concretizaria em 1936. Dois anos depois providenciaria outra banda sonora, também ela banal, para o épico Aleksandr Nevsky (1938), de Sergei Eisenstein, com quem voltaria a colaborar em Ivan, o Terrível (1942-45).
[“Troika”, da banda sonora de O Tenente Kijé, pela Royal Philharmonic Orchestra, com direcção de Anatole Fistoulari (Guild Historical). Nota: esta troika não tem relação com a que, há uns anos, esteve por Portugal a supervisionar o governo da Nação; é a original: um trenó russo puxado por três cavalos]