Um programa preenchido por obras de um compositor vivo não é frequente no nosso tempo e ainda mais invulgar é que ambas as obras sejam estreias.
Para sermos rigorosos, a música de Six Portraits of Pain, de António Pinho Vargas, destinada a violoncelo e orquestra, não é novidade: foi composta em 2001, por encomenda da Casa da Música, estreou nesta sala em 2005 (bisou em 2007) e também já teve duas apresentações lisboetas, em 2012 e 2014 (uma exposição generosa, para os padrões da música contemporânea). O que é novo é que esta execução, confiada a Pavel Gomziakov (violoncelo) e à Orquestra Metropolitana de Lisboa, com direcção de Pedro Amaral, surge associada à projecção de um filme de Teresa Vilaverde (encomendado pelo CCB) que inverte a relação usual entre música e cinema: é o filme que se inspira na partitura.
A outra novidade é, essa sim, uma estreia musical: a da Sinfonia (Subjectiva) de Pinho Vargas, também ela encomendada pelo CCB. É uma estreia que contém outra particularidade: é a primeira vez que Pinho Vargas compõe uma sinfonia, um género pouco cultivado pelos criadores musicais desde meados do séc. XX.