Sarah McKenzie está longe de possuir a voz portentosa de uma Ella Fitzgerald ou de uma Sarah Vaughan, mas usa os seus recursos com sabedoria e controlo e não descai nem para a edulcorada pop de casino que hoje se vende como jazz nem se socorre dos maneirismos do jazz-blues-soul.
McKenzie estreou-se em disco em 2015 com We Could Be Lovers (Impulse!), onde convivem composições originais e clássicos de George Gershwin, Cole Porter e Duke Ellington.
[Apresentação de We Could Be Lovers]
“Quoi, Quoi, Quoi”, em balanço de jazz-bossa, é cantado com a mescla de candura, despretensão e humor que fazia o encanto de Astrud Gilberto...
[“Quoi, Quoi, Quoi”, do álbum We Could Be Lovers]
... e “Moon River”, só com voz e guitarra, é uma pérola de delicadeza e sensibilidade.
O CD pode soar anacrónico, mas faria boa figura entre as edições de 1965, proeza de que poucos ou nenhuns discos de jazz vocal
mainstream das últimas duas décadas são capazes.
[“Moon River”, um clássico de Henry Mancini & Johnny Mercer, em We Could Be Lovers]
CCB, quinta-feira 17, 21.00, 18-35€