O pianista sul-coreano Seong-Jin Cho (n. 1994) já tinha obtido prémios de relevo em concursos internacionais de piano – no de Hamatsu (Japão), aos 15 anos, e no Tchaikovsky (Moscovo), aos 17 – mas só se tornou foco das atenções quando em 2015 obteve o primeiro prémio do Concurso Fryderyk Chopin (Varsóvia). A distinção valeu-lhe um contrato com a Deutsche Grammophon (DG), que nesse mesmo ano editou a prestação de Cho em Varsóvia, preenchida com Chopin. O primeiro álbum “a sério” na DG, em 2017, retomou Chopin, seguindo-se um recital com Debussy (2017) e outro com Mozart (2018).
O programa que Cho traz a Lisboa retoma uma das obras do álbum Mozart, a Sonata n.o3 K.281, e acrescenta-lhe a Fantasia K.397. O resto do programa revela uma abertura a repertórios diversos: se a Wanderer-Fantasie D.760, de Schubert, não é inesperada face às obras anteriores, Cho mostra que não pretende ficar identificado com música de contornos líricos e arredondados, ao escolher a monumental e espinhosa Sonata S.178, de Liszt, e a Sonata op.1 (1910), de Alban Berg, que é vista como a primeira obra para piano da Segunda Escola de Viena.