Entre os muitos que já tentaram fazer da música pop uma amálgama de ideias clássicas com sensibilidades modernas, poucos o conseguiram com a imaginação de Neil Hannon. A música dos seus Divine Comedy é um universo sumptuoso de pop orquestral enlaçada com destreza lírica. Mãos menos hábeis não saberiam conferir tanta elegância aos floreados teatrais que ornamentam a sua música, mas Neil Hannon é uma criatura rara, um compositor tão inteligente quanto galhofeiro.
Foreverland, aventura-se no mundo romantizado da mundanidade, serpenteado por cordas e sopros. Louva a extraordinariedade dos quotidianos mais vulgares, pintados com referências históricas, melodias sensoriais, letras laboriosas e um coração pop sempre a palpitar. Com referências que vão desde Catarina, a Grande, à Legião Estrangeira Francesa, mas sem deixar de ser um álbum disfarçadamente autobiográfico sobre aquilo que vem depois do “felizes para sempre”. Mesmo quando escreve de forma mais dissimulada, autodepreciativa ou espirituosa, Neil Hannon só escreve canções de amor. É um romântico incurável, que se há-de fazer?