Ah, o jazz italiano! Um esplendoroso crepúsculo de Verão, as planícies da Toscânia, uma melodia belíssima escrita a quatro mãos por Chet Baker e Donizetti, de um romantismo exacerbado e uma doçura capaz de amansar um búfalo. Se é esta a imagem que a associação das palavras “jazz” e “Itália” evoca em si, poderá despertar para uma realidade bem diferente ao ouvir o trio Zu.
[Zu ao vivo no Circolo degli Artisti, 2011]
Luca Mai (saxofone barítono), Massimo Pupillo (baixo eléctrico) e Jacopo Battaglia (bateria) nasceram em Roma e até podiam ter sido bons rapazes e acompanhar o coro da igreja aos domingos e, ser convidados para tocar no aniversário de Sua Santidade. Mas enveredaram por caminhos tortuosos e passaram a ser vistos com gente pouco católica: uma eminência parda do submundo de Chicago que dá pelo nome de Ken Vandermark (ouça-se Radiale), um sueco rude e colérico conhecido por Mats Gustafsson (ouça-se How to Raise an Ox), um psicopata imprevisível chamado Mike Patton (ouça-se Carboniferous).
[Zu ao vivo, com Ken Vandermark e Mats Gustafsson, no festival Konfrontationen, em Nickelsdorf, Áustria, 2005]
Entre os seus cúmplices contam-se ainda Fred Lonberg-Holm, Steve Albini, Peter Brötzmann, Han Bennink, Eugene Chadbourne, Damo Suzuki (um ex-Can), King Buzzo (dos Melvins) e os Lighting Bolt.
[Zu ao vivo na Jazzhouse de Copenhaga, 26.11.14, já com Serbian no lugar de Battaglia]
Entretanto, Gabe Serbian (Locust, Cattle Decapitation, Holy Molar e Head Wound City) substituiu na bateria o membro fundador Jacopo Battaglia, o que veio tornar ainda mais denso e brutal o som do trio, a julgar pelo álbum Cortar Todo (2015).
[Os Zu apresentam Cortar Todo nos Instants Chavirés, Paris, 05.12.14]
Galeria Zé dos Bois, quarta-feira 30, 22.00, 10€