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224 dias depois, conseguimos ir ao restaurante inspirado em Harry Potter

Se quiser marcar mesa no rodízio de pizzas Plataforma, em Sintra, só tem vaga lá para Setembro de 2025 – mas os potterheads devem ficar atentos às desistências de última hora.

Vera Moura
Escrito por
Vera Moura
Directora Editorial, Time Out Portugal
Plataforma - Restaurante Harry Potter
Time Out Lisboa
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Faltam poucos minutos para as 19.00. Pequenos grupos acumulam-se à beira do edifício cinzento de dois andares com um carro azul turquesa estacionado à porta, na zona residencial de Rio de Mouro, Sintra. A maioria das pessoas está vestida à civil, mas entre famílias, amigos e casais, encontram-se crianças com chapéu de bruxa e óculos redondos e adultos com túnicas pretas até aos pés. As portas do carro igual ao Ford Anglia que voa em Harry Potter e A Câmara dos Segredos (segundo capítulo da saga) não estão trancadas – e depois do primeiro cliente se aperceber disso, o entra-e-sai para a primeira de muitas fotografias da noite só pára quando o restaurante Plataforma finalmente abre para o primeiro turno.

Antes de deixar o grupo entrar, um feiticeiro vestido a rigor, de capa preta comprida, colete vermelho com motivos dourados e varinha mágica na mão, dá as boas-vindas e explica as regras apertadas com sentido de humor, apelando à participação de quem espera ansiosamente na rua. Não se pode tocar nas mascotes. Não se pode levar para casa nem as varinhas mágicas das mesas, nem os caldeirões onde são servidas as bebidas. As crianças não podem andar à solta sem a companhia de um adulto. Não se pode sair sem pagar. "Repito: não-se-pode-sair-sem-pagar."

Já na companhia de uma funcionária mascarada de aluna de magia, com mini-saia de pregas, camisa branca, gravata, capa e meias pelo joelho, o anfitrião apresenta algumas das bebidas especiais disponíveis. A mais popular é a cerveja de manteiga, aqui baptizada de cerveja caramelizada – custa 6€ sem álcool ou 8€ com e é "saborosa", "grandiosa", "explosiva", "maravilhosa" e "gostosa", enumeram entusiasticamente. Só depois o bruxo começa finalmente a chamar pelas reservas. "Atenção: confirmem que receberam uma mensagem e que a vossa reserva é para hoje mesmo – e não para este dia do próximo ano", aconselha sorridente. A piada é bem realista: a lista de espera para conseguir uma mesa no restaurante Plataforma, inspirado no universo de Harry Potter, ultrapassa os nove meses (apesar de, regularmente, as desistências darem uma oportunidade aos mais atentos, até para o próprio dia).

A Time Out Lisboa tentou repetidamente fazer uma visita de imprensa desde a abertura, a 13 de Fevereiro, sem nunca conseguir obter resposta. 224 dias depois de uma reserva em nome pessoal, uma jornalista lá entrou. Os proprietários disseram não ter interesse em prestar declarações para este trabalho.

Pizzas coloridas, cocktails fumegantes e truques de magia

O nome já não é exactamente o mesmo (quando abriu era Plataforma 9 ¾) e a decoração temática perdeu alguns motivos oficiais da saga de J. K. Rowling. As bandeiras e fardas das casas da Escola de Magia e Feitiçaria de Hogwarts – Gryffindor, Ravenclaw, Hufflepuff e Slytherin – desapareceram, tal como o boneco em tamanho real do elfo Dobby, os quadros com fotografias das personagens dos filmes ou a placa sobre a dianteira do comboio a dizer "Hogwarts Express". Ainda assim, o ambiente encantado mantém-se: logo à entrada, depois de passar as pesadas cortinas de veludo, numa sala escura com o tecto iluminado de verde e forrado de nuvens carregadas, os clientes encontram um Goblin de cera. No balcão do bar, ao fundo, frascos de poções, caldeirões e livros estão ora em prateleiras tortas, ora suspensos, como que a levitar. De um lado, a parte da frente de um comboio bem fotogénico para mais uma ou outra fotografia; do outro, uma sala com luzes fluorescentes e uma cobra assustadora a fazer de laboratório de experiências. É lá que os mais novos vão descobrir a que casa de Hogwarts pertencem, depois de pôr o chapéu selector.

Plataforma - Restaurante Harry Potter
Time Out Lisboa

A sala do piso superior é ainda mais especial, com centenas de velas suspensas no tecto e uma réplica da sala de estar dos Gryffindor, com uma lareira, sofás em pele, mantinhas de xadrez, um gramofone e páginas de livros a voar. Para lá chegar, é preciso subir umas escadas de pedra cujas paredes estão revestidas de molduras douradas com quadros, alguns deles vivos, tal como nos corredores e escadarias da escola de feitiçaria mais famosa da literatura e do cinema.

Distribuídos e instalados os grupos nas mesas dos dois andares (o restaurante tem capacidade para cerca de 90 pessoas), começa a refeição. Tem o custo fixo de 25€ por pessoa (12,50€ para crianças dos 4 aos 10 anos) e inclui um rodízio de pizzas que vai da clássica margarita à que junta queijo de cabra, mel e nozes. A massa é colorida – azul, verde, vermelha – ou não continuássemos em ambiente de bruxaria. As bebidas e sobremesas são pagas à parte e levam o espírito de Hogwarts ainda mais longe. Com a ajuda de gelo seco, cocktails e mocktails (entre os 8€ e os 13€) deitam fumo por todos os lados. O Punch (40€ com álcool; 25€ sem) é um género de sangria para partilhar, preparada na mesa pelos comensais, como se estivessem a experimentar uma fórmula mágica misturando líquidos de diferentes cores. "Wingardium Leviosa!", ouve-se pelas mesas, quando os funcionários perguntam qual o feitiço favorito de cada grupo. 

Na lista de doces, é possível escolher entre o Vaso Dragora (mousse de Oreo, 4,50€), o Caldeirão Mágico (leite creme, 5,50€), o Encanto de Morango (cheesecake, 6€) ou o Livro dos Monstros (brownie com gelado, 5.50€) – às mesas com aniversariantes, pode chegar o Happee Birthdae (bolo red velvet, 7€), que deve ser reservado antecipadamente. 

Entre fatias de pizza, brindes fumegantes, fotografias (muitas fotografias) e brincadeiras – as varinhas mágicas acendem e apagam não só as velas do tecto, mas também as das mesas vizinhas –, um homem misterioso aproxima-se de cada grupo para uns truques de ilusionismo. Faz desaparecer bolas, adivinha cartas e até desenha cruzes na palma da mão dos clientes sem que eles dêem por nada.

Tudo está bem cronometrado, de forma a não haver atrasos para o turno seguinte, que arranca às 21.30. A coreografia repete-se: quando o primeiro grupo sai por uma porta lateral, já o segundo está à volta do Ford azul turquesa a posar para o telemóvel. 

Largo Joaquim José Correia, Rio de Mouro (Sintra). Ter-Dom 19.00-00.00. Reservas aqui.  

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