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Não é preciso ser um mestre do quizzes para saber que a Cidade do Vaticano, a sede da Igreja Católica Apostólica Romana, situada no coração da capital italiana, é actualmente o país mais pequeno do mundo. No entanto, isso pode estar prestes a mudar.
O primeiro-ministro albanês, Edi Rama, anunciou na ONU, a 22 de Setembro, que há planos para criar um novo Estado na capital do país, Tirana, que será conhecido como o Estado Soberano da Ordem Bektashi.
Fundada no Império Otomano do século XIII, a Ordem Bektashi é uma subdivisão do sufismo, que é uma corrente do Islão centrada na espiritualidade. Está sediada na Albânia desde a década de 1930 e, de entre os muçulmanos do país (que representam cerca de 50% da população), cerca de 10% são bektashi, de acordo com um censo de 2023.
Mas porque é que este Estado está a ser formado agora? Rama afirmou que o objectivo é criar um “novo centro de moderação, tolerância e coexistência pacífica”. Terá cerca de um quarto do tamanho do Vaticano (aproximadamente 10 hectares) e terá fronteiras claramente definidas, passaportes e uma administração autónoma.
Tal como o Vaticano, o Estado será governado de forma teocrática, sendo o líder dos bektashi, Baba Mondi, o responsável pelo Estado e pelo governo. A cidadania será limitada aos membros do clero e da administração. A Ordem de Bektashi é considerada tolerante e o microestado permitirá o consumo de álcool e será mais descontraído quanto à forma de vestir.
“Para os nossos seguidores, não se trata de poder político ou de aquisição de terras; trata-se de solidificar a missão de moderação espiritual da Ordem Bektashi e de proteger as nossas práticas religiosas", afirmou Baba Mondi, segundo o Metro. “Para a nossa comunidade espalhada pelo mundo, é um momento de orgulho e de renovação, reforçando a nossa identidade e presença na cena mundial.”
A Albânia é conhecida por ser um país tolerante e harmonioso no que respeita à religião, com mesquitas e igrejas muito próximas umas das outras e casamentos inter-religiosos comuns. De facto, segundo a DW, a comunidade bektashi é vista como uma ponte entre as comunidades cristã e muçulmana na Albânia. Ainda assim, o Estado proposto tem os seus críticos.
“Argumentar que este suposto Estado bektashi terá um impacto positivo para o clima de tolerância na região não tem fundamento”, disse Besnik Sinani, investigador do Centro de Teologia Muçulmana da Universidade de Tübingen, à DW. “Se for concretizada, é provável que venha a perturbar os acordos históricos da relação entre religião e Estado na Albânia, que foi estabelecida com base na visão dos pais fundadores do Estado albanês, muitos dos quais eram bektashis”.
Actualmente, uma equipa internacional de advogados e juristas está a elaborar a legislação, mas para que a proposta possa avançar tem de ser aprovada pelo Parlamento da Albânia. Para isso, é necessária uma maioria de 94 votos a favor, ou seja, dois terços dos deputados. Mas ainda não se sabe quando é que essa votação terá lugar.
Até lá, aqui fica um guia dos nossos sítios preferidos para visitar na Albânia.
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