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A história da DC, berço da mitologia americana, em três episódios

A batalha entre a Marvel e a DC parece não ter fim à vista. Mas foi a DC que preparou o terreno para o sucesso dos super-heróis. A história da gigante dos comics chega agora à HBO Max, com ‘Superpowered: The DC Story’, que estreia a 20 de Julho.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
Jornalista
Mark Waid
©DRMark Waid, em Superpowered: The DC Story
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Superpowered: The DC Story é uma produção Max Original que nos leva numa viagem pela cronologia da gigante dos comics e também da indústria audiovisual, que só encontra competição à altura quando entra a Marvel ao barulho. Mas foi com a DC Comics que nasceu uma espécie de mitologia estadunidense, através de histórias aos quadradinhos sobre poderosas entidades e também sobre os temas da esperança e redenção que povoam contos populares desde o início dos tempos.

O documentário, que anda para trás e para a frente numa linha cronológica iniciada em 1935, está dividido em apenas três episódios, em que se encaixam mais de 60 entrevistas – novas e de arquivo – com alguns dos actores, criadores e gestores que fizeram a história da DC. Superpowered: The DC Story conta com a narração de Rosario Dawson, actriz que também deu voz à super-heroína Mulher-Maravilha em vários filmes de animação da DC, e é realizado pelos documentaristas Leslie Iwerks (A História da Imagineering) e Mark Catalena (Johnny Carson: King of Late Night).

Há mais de 80 anos, nascia o primeiro super-herói da DC Comics, ainda hoje um dos mais populares do actual universo expandido (DC Extended Universe ou DCEU): o Super-Homem. Personagem que, tal como todas as outras, foi evoluindo com o passar dos anos, numa tentativa de acompanhar as transformações sociais, em histórias que também reflectem a imaginação de várias gerações de criadores. O que começou por ser uma empresa apenas dedicada aos comics – e siglas que se traduziam em Detective Comics, nome depois encurtado para DC Comics – é há largas décadas uma subsidiária da Warner Bros., mas só neste século se transformou em DC Entertainment, numa clara aposta no crescimento deste universo para o grande ecrã e os serviços de streaming, as verdadeiras galinhas dos ovos de ouro dos super-heróis contemporâneos, cujos comics ainda vão conquistando os fãs mais hardcore ou coleccionadores que olham para tudo isto apenas como um negócio.

Lynda Carter
©DRLynda Carter, em Superpowered: The DC Story

Seja como for, Superpowered: The DC Story acaba por ajudar a organizar as ideias dos fãs menos esclarecidos de como tudo chegou até aqui. Por exemplo, o primeiro episódio vai até às origens da trindade principal de super-heróis da DC: o Super-Homem, o Batman e a Mulher-Maravilha, que se tornaram num verdadeiro fenómeno cultural nos EUA, cada um à sua maneira. O menino bem comportado, o herói com um lado mais negro e a mulher que se tornou um ícone feminino em tempos de II Guerra Mundial – altura em que os super-heróis também começaram a servir a propaganda norte-americana – foram apenas os primeiros supers de um universo que continua em expansão, embora por vezes de forma meio atabalhoada em comparação com a rival Marvel.

Mas antes do streaming e até mesmo antes do cinema, a DC chegou à televisão em séries que hoje são consideradas de culto, com destaque para As Aventuras do Capitão Marvel (1941) ou As Aventuras do Super-Homem (1951-1958), numa altura em que os comics andavam debaixo de fogo com a criação da Comics Code Authority, uma espécie de entidade censória não oficial dos conteúdos que iam nascendo nos comics (e que durou até este século). Mas o fruto proibido é o mais apetecido e poucos anos depois, em 1961, a DC criou o primeiro multiverso de super-heróis, com 52 mundos diferentes e possibilidades quase infinitas. Um multiverso que foi reiniciado em 2011 com o lançamento de novos títulos (falamos de comics), opção que não agradou a todos e que está novamente em cima da mesa. Apesar de não fazer parte da cronologia deste documentário, o novo filme Flash (2023) é a primeira peça (a par de Aquaman and the Lost Kingdom, com estreia marcada para Dezembro), do fim do DCEU e o começo do DC Universe – DCU, numa tentativa de fazer frente ao mais bem organizado Marvel Cinematic Universe. Flash volta a introduzir a ideia de multiverso, incluindo encarnações prévias de vários personagens, incluindo um regresso de Michael Keaton a Batman (após ter vestido o super-herói nos filmes de Tim Burton em 1989 e 1992), com o Flash a servir de ponte entre diferentes linhas temporais. O DCU irá começar com a estreia, em 2025, de Superman: Legacy, realizado por James Gunn (Guardiões da Galáxia).

Trocas e baldrocas que poderão ser melhor entendidas com uma passagem por este Superpowered: The DC Story, série documental que nos leva ainda pelo nascimento das comic shops; pela popularização do merchandising; pelas primeiras incursões no cinema; pelo surgimento do género novela gráfica; ou pela compra da Milestone Media, formada por criadores negros que multiplicaram a diversidade no catálogo de heróis da DC. Uma viagem pelos muitos altos e baixos da companhia, ao longo de várias gerações de criadores que deram poder a esta que é hoje uma das maiores indústrias de entretenimento à escala global. E, quem sabe, interplanetária.

HBO Max. Estreia a 20 de Julho

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