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O homem invisível nunca foi um super-herói. Quando nasceu, em 1897, pela mão do autor H.G. Wells, e quando foi adaptado pela primeira vez ao cinema, por James Whale, em 1933, era uma mistura de ficção científica com terror. Teve várias adaptações ao grande e ao pequeno ecrã, algumas das quais aventuraram-se pelo drama e pela comédia. Mas nunca o homem invisível foi um super-herói. É que, se pensarmos bem, a ideia de ser invisível só parece atraente para quem quer ver mas não quer ser visto. Os que querem ser notados mas não conseguem, os que querem fazer parte das estatísticas mas não entram nas contas, os que têm coisas para mostrar mas não têm palco, esses não se sentem com super-poderes. Sentem-se, simplesmente, invisíveis. E sem o antídoto que tanto procura o protagonista do livro com mais de 100 anos e dos filmes e séries que nele se inspiraram.
Numa era em que se fala mais do que nunca de representatividade e igualdade, o racismo, o preconceito e a visão selectiva continuam em alta. É difícil ver os invisíveis. A Djassi Africa tentou. Esta venture builder queria saber mais sobre os empreendedores negros em Portugal. Quem são? Quantos são? Onde estão? O que andam a fazer, que dificuldades têm de enfrentar, como os podemos ajudar? As perguntas eram muitas, as respostas poucas e os afro-empreendedores uma micro minoria quase invisível – ainda mais pequena do que na Europa, onde se calcula que ronde os 3% (em Portugal não chega a 1%).
Mas eles existem. E têm grandes ideias, que estão a ser desperdiçadas pela cegueira global. O investimento não lhes chega e por isso não se conseguem dedicar a tempo inteiro, numa bola de neve que o estudo Afropreneurs Report põe agora à vista. Os invisíveis andam aí e os piores cegos são aqueles que não os querem ver. Vale a pena parar para olhar para eles. Como fazemos já na edição da Lisbon by Time Out que acaba de chegar às bancas.
Este mês, no jornal em inglês da Time Out, para estrangeiros residentes ou de passagem, conte ainda com uma grande reportagem sobre os restaurantes sustentáveis – ou quase – e a luta diária que muitos chefs estão a travar contra o desperdício e a poluição, por cozinhas mais verdes e mais próximas dos produtores locais.
Pode ler ainda o que Carla Madeira, presidente da Junta de Freguesia da Misericórdia, respondeu às perguntas dos leitores; descobrir o Yayem, um cowork onde nem tudo é trabalho – com piscina, aulas de yoga e vista para a Serra de Sintra; e seguir o nosso roteiro em Lisboa do 25 de Abril, para aprender tudo sobre a Revolução dos Cravos.
O nosso cronista Ricardo Dias Felner escreve sobre os tesourinhos dos subúrbios e os críticos gastronómicos contam tudo sobre as suas experiências no Arkhe e no Ramen House Aska.